quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Milagre de Nossa Senhora do Rosário
nas cinco batalhas navais de Manila

Nossa Senhora do Rosário de La Naval de Manila fez milagre comparado ao de Lepanto
Nossa Senhora do Rosário de La Naval de Manila fez milagre comparável ao de Lepanto
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







No mundo se conhece bem a milagrosa vitória da armada católica contra enorme frota muçulmana em Lepanto, atribuída pelo Papa São Pio V a intervenção miraculosa de Nossa Senhora do Rosário.

Porém, é quase desconhecida em Ocidente uma outra vitória naval obtida também pela intervenção de Nossa Senhora do Rosário que foi comparada em importância ao triunfo de Lepanto.

O milagre se deu contra três frotas de guerra protestantes holandesas mancomunadas com um incalculável número de naus menores repletas de muçulmanos ávidos do saque e de extermínio dos cristãos.

As cinco inacreditáveis vitórias navais consecutivas de escassíssimas naus católicas armadas às pressas contra os invasores e foi atribuída com sobradas razões à intercessão de Nossa Senhora do Rosário de La Naval de Manila, mais simplesmente chamada “La Naval”. Cfr. “Batalla de La Naval de Manila”,

Em 9 de abril de 1652, as sucessivas vitórias contra um adversário esmagadoramente maior em número e armamento foram declaradas milagre pela arquidiocese de Manila após minuciosa investigação canônica.

As cinco batalhas foram livradas em águas filipinas em 1646, durante a Guerra dos Oitenta Anos que opôs a Holanda protestante insurgida contra seu rei Felipe II da Espanha.



Batalha naval entre holandeses e espanhóis
Batalha naval entre holandeses e espanhóis
As forças católicas espanholas incluído muitos voluntários filipinos contavam no auge do conflito apenas com dois velhos galeões mercantes armados às presas mais um terceiro chegado de última hora proveniente de Acapulco, México, uma galera e quatro bergantins.

A frota protestante atacante dispunha de dezenove naus de guerra, divididas em três corpos.

As Filipinas estavam sendo evangelizadas por missionários espanhóis e mexicanos. A capital Manila era o centro de um ativo comercio marítimo que atraia a cobiça da pirataria de várias potências.

A primeira esquadra holandesa que atacou as Filipinas foi comandada por Oliverio van Noort. Em 14 de dezembro de 1600 foi desfeita pela frota espanhola.

Novo assalto foi repelido em 1609 e concluiu na batalha de Playa Honda, donde morreu o comandante protestante François de Wittert.

Em outubro de 1616 uma outra frota holandesa de dez galeões comandado por Joris van Spilbergen (Georges Spillberg) foi derrotada na “segunda batalha de Playa Honda”.

Nos anos subsequentes a frota holandesa se limitou a operações de pirataria com escasso ou nulo sucesso.

Juan de los Ángeles, sacerdote dominicano feito prisioneiro dos protestantes escreveu que eles “não falavam de outra coisa senão de como conquistar Manila”.

Galeão de guerra holandês
Galeão de guerra holandês
Para esse fim concentraram uma força naval formidável nos portos de Jacarta na Indonésia e em Formosa.

Segundo as testemunhas reuniram mais de cento cinquenta barcos de diversos tamanhos bem equipados de marinheiros, soldados, artilharia e fornecimentos necessários. Também dispunham de sampanas ou barcaças com muçulmanos dispostos a pilhar e massacrar a população católica.

Em sentido contrário, as Filipinas passavam por uma situação desesperadora.

Uma série de erupções vulcânicas entre 1633 e 1640 devastaram Manila e circunvizinhanças matando grande número da população.

As aldeias dos nativos também foram arrasadas; grandes rachaduras e até abismos apareceram nos campos; os rios alagaram cidades e povoados.

A falta de alimentos paralisou a capital e os muçulmanos de Mindanao liderados pelo sultão Kudarat se revoltaram em diversas ocasiões.

Os piratas holandeses atacavam os barcos que levavam socorros ou mercadorias até as Filipinas provenientes do México e da China.

O novo governador geral, Diego Fajardo Chacón encontrou o país sem força naval. O novo arcebispo de Manila, D. Fernando Montero de Espinosa morreu por febres hemorrágicas assim que chegou.

Em 1646, os protestantes realizaram um grande conselho em Nova Batávia (Jacarta), e acharam o momento propício para lançar um ataque decisivo. Cfr. Our Lady of La Naval de Manila

O momento humanamente angustiante foi a hora de “La Gran Señora de Filipinas, Nuestra Señora del Santísimo Rosario - La Naval de Manila”, ou simplesmente “La Naval” como os filipinos falam de sua Padroeira.

Os católicos lhe atribuem uma intervenção tão decisiva quanto a de Nossa Senhora do Rosário na batalha de Lepanto em 1571.

Por isso, o Papa São Pio X ordenou sua coroação canônica no dia 5 de outubro de 1907.

Ela está faustosamente adornada especialmente após 310.000 fiéis liderados pelos professores da Universidade de Santo Tomás, doarem suas joias, pedras preciosas, ouro e prata para dita coroação, que se somaram ao rico tesouro que já tinha.

Nossa Senhora do Rosário de La Naval de Manila
A imagem é de madeira de lei mas seu rosto, mãos e o Menino Jesus são de marfim.

Também os papas Leão XIII, Pio XII, Paulo VI e João Paulo II a honraram com específicos atos pontifícios.

Durante os bombardeios da II Guerra Mundial, por precaução, a imagem foi transferida a um santuário dominicano na cidade de Quezon onde é venerada até o dia de hoje. Cfr. Nobility.org

Os primeiros missionários dominicanos chegaram às Filipinas em 1587 e logo difundiram a devoção ao terco e a uma imagem de Nossa Senhora do Rosário que tinham trazido do México.

Naturalmente a imagem do Rosário “La Naval” foi confiada aos padres dominicanos.

O artista chinês que fez as partes em marfim acabou se convertendo ao catolicismo. Ela possui um inequívoco ar oriental embora o modelo seja os das imagens espanholas.

A devoção atingiu uma extraordinária expansão nas ilhas.

Mas, em fevereiro de 1646, as informações chegaram alarmantes: barcos holandeses estavam tomando posições nas ilhas visando o ataque contra a capital Manila.

O governador geral só dispunha de dois velhos galeões comerciais aportados do México, que ele adaptou com alguns canhões tirados dos fortes.

Os oficiais navais que comandavam os dois galões, sem falar um com o outro, fizeram voto de ir ao santuário de Nossa Senhora do Rosário com seus homens em sinal de gratidão caso obtivessem a vitória.

Os velhos galões foram rebatizados “Encarnación” e “Rosario”. Os frades dominicanos pregaram e confessaram a oficiais e marinheiros. Também cobraram deles que rezassem vocalmente o rosário durante o combate naval.

O governador-geral Fajardo Chacón mandou que o Santíssimo Sacramento ficasse exposto permanentemente na capela real e em todas as igrejas da capital.

E partiu para encontrar a frota protestante em Bolinao no golfo de Lingayen no dia 15 de março de 1646.

À vista daqueles decrépitos galões, os protestantes caíram na gargalhada e os apelidaram de “as duas galinhas molhadas”.


Continuará no próximo post: Inexplicável: foi “pela intercessão da Santíssima Virgem e por sua devoção do Santo Rosário”



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