quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Malta: uma ordem religiosa e militar hierárquica e sacral

Krak dos Cavaleiros (Síria) hoje.
Foi uma das peças chaves da segurança da Terra Santa
na mão dos cavaleiros hospitalários
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Continuação do post anterior: Os Cavaleiros Hospitalários: ordem militar suscitada por Deus



A Ordem comporta vários graus:

a) Os cavaleiros professos, que tinham feito, na idade de 26 anos, os votos de pobreza, castidade e obediência.

Além da cruz ligada à botoeira com uma fita negra de brilho ondeado, traziam uma cruz de tecido branco de oito pontas sobre o lado esquerdo do hábito. Os grã-cruzes tinham a mais um plastrão (camisa) preto, com uma cruz branca sobre o peito.

b) Os afiliados por tempo, que eram cavaleiros e sargentos leigos e capelães de obediência.

c) Os auxiliares pagos, que eram milicianos, soldados, marinheiros e artesãos.



O Grão-Mestre

A Ordem é comandada por um cavaleiro professo eleito, que deve ser de justiça, quer dizer, de condição nobre.

Por votos sucessivos acumulados, o capítulo geral — que se reúne em princípio a cada 5 anos, para negócios gerais e reforma dos estatutos — elege um colégio de treze membros representativos das províncias da Ordem, e das três condições (oito cavaleiros, quatro servos, um capelão).

A portas fechadas, esse colégio elege o mestre, que é aceito por aclamação pelo capítulo.

Os grão-mestres não são soberanos absolutos. Outrora eles usavam barba e cabelos longos.

Tinham um hábito negro em pano, fechado com uma cintura da qual pendia uma escarcela (parte da armadura, da cinta ao joelho).

Na parte de cima, portavam um hábito de veludo preto com grandes mangas, aberto adiante sobre o peito.

A Grande Sala dos Pobres, do Hospital (Hôtel-Dieu) de Beaune
nos dá uma ideia de como pode ter sido o Hospital de Jerusalém
Sobre a espádua esquerda deste hábito de veludo estava a grande cruz da Ordem em tela branca, com oito pontas. Cobriam-se com um gorro redondo de veludo ou de tafetá preto, com seis borlas de seda branca e negra.

O manto de Gérard de Tunc era de lã preta com uma cruz em tecido branco.

Mais tarde os grão-mestres tomaram o manto de tafetá preto, onde eram representados, em bordado de sede branca e azul, os quinze mistérios da Paixão, e ligados com cordões de borlas em seda branca e preta.

O bastão de comando era semeado de pequenas cruzes da Ordem.

A articulação dos Hospitalários

A articulação da Ordem do Hospital é simples. Cada Língua é presidida por um magistrado conventual, titular de um alto cargo:

— O Grande Comendador, pilar da Provença, de quem os poderes atingem as finanças, o aprovisionamento e a substituição interina eventual do Grão-Mestre.

— O Grande Marechal, pilar do Auvergne, que comanda os militares em terra e mar, salvo os magistrados conventuais.

— O Grande Hospitalário, pilar da França, responsável pelos hospitais conventuais.

— O Grande Almirante, pilar da Itália, que comanda a armada naval a partir de 1299.

— O Grande Conservador, pilar do Aragão, que provê a vestimenta.

— O “Turcopolier”, pilar da Inglaterra, que comanda inicialmente as tropas indígenas e depois os guardas marinhos.

— O Grande Magistrado, pilar da Alemanha, encarregado da inspeção das fortificações e de suas guarnições.

— O Grande Chanceler, pilar de Castela e Portugal, que controla o selo das atas.

Além de seus encargos, os magistrados conventuais são responsáveis pela hospedagem de sua Língua, Missa e lugar de reunião dos professos.

A evolução da Ordem

Capítulo Geral da Ordem dos Hospitalários em Rhodes. Museu de Versailles.
Capítulo Geral da Ordem dos Hospitalários em Rhodes. Museu de Versailles.
As Ordens de Cruzada conheceram três grandes períodos:

1) O da Terra Santa (1091-1312);

2) O que corresponde à presença dos Hospitalários em Rhodes (1312-1530);

3) O que coincide com a presença da Ordem em Malta (1530-1798).

Na Terra Santa a participação destes monges-guerreiros foi constante e de grande valor, em algumas ocasiões decisivas.

Fizeram as suas primeiras façanhas em 1122, em defesa do rei de Jerusalém. Assinalaram-se nos cercos de Tiro e de Ascalon, dentre outros, e venceram em 1126 o sultão de Damasco.

Caídos novamente os Lugares Santos sob o domínio completo dos infiéis em 1187, os Cavaleiros de São João se estabeleceram na ilha de Chipre, onde se dedicaram a organizar uma poderosa frota, na esperança de reconquistar a Palestina.

No começo do século XIV transferiram-se para Rodes, que oferecia melhores condições estratégicas.

Aí adquiriu a Ordem um novo traço característico, o de verdadeiro Estado soberano, regido por leis próprias, dotado de exército e armada, sem reconhecer dependência senão à Santa Sé.


Continua no próximo post: Malta: a muralha contra à impiedade islâmica demolida pela Revolução Francesa



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