segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O cerco de Arsur e o triunfo da intransigência

Godofredo de Bouillon, vitral na abadia de Saint-Denis, Paris
Após a conquista de Jerusalém, na primeira Cruzada, os principais chefes cristãos escolheram rei o Duque de Lorena, Godofredo de Bouillon.

Era um cavaleiro intrépido, famoso pela sua coragem, e a quem mais se devia a vitória.

Quando lhe perguntavam de onde vinha a força para cortar um homem ao meio só com um golpe, ele dizia que suas mãos nunca se tinham manchado com pecados de impureza.

Ao ser eleito rei de Jerusalém, recusou dizendo que “não queria ser coroado com ouro onde Jesus o fora com espinhos”. Aceitou somente o título de Barão e Defensor do Santo Sepulcro.

A cidade muçulmana de Arsur se rebelou. O exército cristão veio então cercá-la com torres rolantes e aríetes.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

São Luís, o mameluco Octai e a honra do cavaleiro cristão


Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








A cavalaria católica deu à Igreja muitos santos, como São Luís IX, rei da França. Alcançou sua maior perfeição nas Ordens Religiosas militares, como a do Santo Sepulcro, a dos Hospitalários e a dos Templários.

O cavaleiro era respeitado e amado. Mesmo entre os infiéis o prestígio da instituição era extraordinário. Seus brasões e cruzes infundiam terror e admiração.

Na cruzada de São Luís contra o Egito deu-se um episódio característico.

O exército cristão sofreu grave derrota em Mansurah. A doença completou a desgraça. São Luís doente caiu em poder dos muçulmanos junto com a maior parte de suas tropas.

O sultão Almoadam ficou ébrio de orgulho. Mas os mamelucos do Egito, que tinham suportado o peso da guerra, estavam descontentes e resolveram assassiná-lo durante as festas da vitória.

No final do banquete um oficial tentou matá-lo, mas apenas conseguiu feri-lo. Ele fugiu e se encerrou numa torre.

Os rebeldes puseram fogo à torre. Vendo-se perdido, Almoadam lançou-se do alto e caiu aos pés de seus inimigos. Implorou perdão e ofereceu em prantos o seu próprio trono, em troca da vida.

Tudo em vão. Um dos chefes de sua guarda, Octai, o repeliu com ira, os mamelucos o transpassaram com inúmeros golpes.

Em Forescour estavam os prisioneiros cristãos, inclusive São Luís.

No meio dessa angústia, Octai entrou na tenda São Luís com a espada ensangüentada.

O maometano disse: “Almoadam já não existe. Que me darás por ter-te libertado de um inimigo que premeditava a tua ruína e a nossa?”

São Luís nada respondeu.

O infiel apontou-lhe a espada, e exclamou irado: “Não sabes que eu sou senhor de tua pessoa? Faze-me cavaleiro, ou serás morto!”

São Luís respondeu então: “Faze-te cristão, e te farei cavaleiro”.

Octai retirou-se, sem fazer mal a São Luís.

Podendo pedir terras, riquezas (São Luís prometera um milhão de bizantinos de ouro pelo resgate de suas tropas), podendo vingar-se contra o rei cristão, esse maometano preferia a honra de ser cavaleiro.

Assim, Octai, um infiel, provou o prestígio e a glória da cavalaria medieval.




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