terça-feira, 10 de setembro de 2024

Lepanto: se engaja a batalha do tudo ou nada

A frota católica em Messina antes da batalha, Giorgio Vasari (1511 — 1574).
A frota católica em Messina antes da batalha, Giorgio Vasari (1511 — 1574).
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








continuação do post anterior: Lepanto: a maior batalha naval da História



Estreito de Lepanto, na entrada do Golfo de Patras, Grécia. A esquadra da Santa Liga Católica, composta por mais de 200 navios de guerra e 90 mil soldados comandados por Dom João d’Áustria, já avistava ao longe a poderosa frota turca com seus quase 300 barcos e 120 mil guerreiros. Era o memorável 7 de outubro de 1571.

A batalha já era iminente, não havia mais volta atrás. O generalíssimo D. João d’Áustria decidira, apesar da desvantagem numérica, enfrentar os muçulmanos turcos.

Andrea Dória, comandante de boa parte das embarcações católicas, propôs uma ideia crucial para o embate que estava para começar: “Retiremos os esporões das pontas das galés. Assim poderemos mirar os canhões num ângulo mais baixo em direção aos turcos”. Proposta aceita prontamente por D. João.

Dória percebeu que, com tantos navios batalhando tão perto uns dos outros, os esporões — grandes peças de metal utilizadas em manobras longas para furar, à força de remos, as laterais dos barcos inimigos — seriam de pouca utilidade naquela situação. Livrar-se deles daria maior liberdade de ação aos canhões.

As bandeiras multicolores davam os sinais para todos os navios se posicionarem. Estendendo-se ao sul, em direção ao alto mar, Andrea Dória chefiava a ala direita católica, com 54 navios.

Ao norte, alongando-se em direção à costa grega, o veneziano Barbarigo dirigia a ala esquerda com 53 barcos. Ao centro, D. João d’Áustria, com a nau capitânia, a Real e 64 embarcações. Atrás, com as forças de reserva, D. Álvaro Bazan.

Alinhamento para o confronto naval

O comandante turco, Ali Pachá, tendo superioridade numérica, planejou envolver e liquidar a frota católica. Ao norte, formando a ala direita turca, Siroco comandava 54 navios.

Ao sul, Uluch Ali procurava estender ao máximo seus 61 navios. O próprio Ali Pachá, com a Sultana e mais 87 galés, avançava ao centro. O comandante turco estava resolvido a atacar ao mesmo tempo os flancos e o centro das linhas católicas.

Pouco antes da batalha, D. João d’Áustria, vestindo uma armadura dourada, subiu num barco ligeiro e com um Crucifixo na mão conclamou os homens de cada navio dizendo:

“Eia, soldados valorosos, chegou a hora que desejastes; aquilo que me tocava, cumpri; humilhai a soberba do inimigo, alcançai glória em tão religiosa peleja, vivendo ou morrendo sereis vencedores, pois ireis para o Céu”.

A linha por onde se estendiam as centenas de barcos cobria quilômetros do mar. Enquanto a frota turca se aproximava com o vento favorável e as embarcações católicas se moviam à força de remos, os soldados cristãos, ajoelhados, rezavam e recebiam a bênção dos frades que ali estavam.

À frente da frota da Santa Liga, um grupo de grandes navios preparava uma surpresa ingrata aos turcos: eram as galeaças de Francisco Duodo.

Este nobre navegador e engenheiro veneziano havia projetado um novo tipo de galé. Ela possuía canhões em todos os lados do navio, diferentemente das galés convencionais que tinham canhões apenas na proa e na popa.

Essas poderosas máquinas de guerra estavam agora na vanguarda da Liga. Apenas seis delas reunidas somavam 264 canhões.
A desigualdade de forças e a discrepância religiosa impunham uma única opção: tudo ou nada
A desigualdade de forças e a discrepância religiosa impunham uma única opção: tudo ou nada

Enfrentamento entre a Cruz e o Crescente

Entretanto, o vento providencialmente mudou, favorecendo a esquadra católica. As galeaças de Duodo abriram fogo e penetraram em todas as alas das linhas turcas, causando grandes danos, mas não detiveram o avanço inimigo.

Ao norte, Barbarigo tentou evitar ser flanqueado por Siroco, mas como não conhecia as águas rasas do litoral, logo os turcos se aproveitaram da brecha e envolveram os navios cristãos, que foram sendo aniquilados. O próprio Barbarigo foi ferido e teve que ceder o comando a outro.

Ao sul, Doria projetou ao máximo sua linha de defesa, para não ser envolvido pelas galés de Uluch Ali. Contudo, a manobra fez surgir uma perigosa falha entre o centro e a direita da esquadra católica.

Alguns suspeitaram de uma traição! Mas, ao contrário, o valente chefe espanhol batia-se contra os turcos de todas as formas. Em dez dos navios espanhóis, todos os homens foram mortos em apenas uma hora de combate. A ala direita católica ruía!

No centro da batalha, a nau-capitânia de D. João, a Real, que levava o estandarte de Nossa Senhora de Guadalupe, foi facilmente identificada por Ali Pachá.

Os canhões de ambos os lados trovejavam, num barulho ensurdecedor. Logo as naus dos dois comandantes estavam frente a frente.

Os barcos de Colona, comandante das forças dos Estados Pontifícios e do velho Veniero, também se juntaram à nau-capitânia, formando uma plataforma de combate com dezenas de metros.

Foi neste momento que o conselho de Doria se fez valer. Com os canhões apontando mais para baixo, os católicos causaram grande destruição nas embarcações e tropas turcas.

Mas, por causa do contingente maior, os infiéis pressionavam violentamente os católicos de todos os lados.

Iniciam-se as abordagens. Tiros de arcabuz, lutas de espadas e lanças, gritos de dor e brados de guerra se misturavam ao choque das explosões e do fogo.

(Autor: Paulo Henrique Américo de Araújo, CATOLICISMO, abril 2015)

continua no próximo post: Vitória da Cristandade em Lepanto





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terça-feira, 27 de agosto de 2024

Lepanto: a maior batalha naval da História

Réplica da nau capitã de Don Juan d'Áustria em Lepanto
Réplica da nau capitânia de Don Juan d'Áustria em Lepanto
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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continuação do post anterior: A batalha de Lepanto: um Harmagedon naval entre a Cruz e o Crescente



“Toma, ditoso príncipe, a insígnia do verdadeiro Deus humanado”

As tratativas para a Santa Liga foram concluídas em 7 de março de 1571, festa de São Domingos. O Papa, exultante de alegria, entregou o empreendimento nas mãos de Nossa Senhora — as mesmas mãos que séculos atrás haviam dado o Rosário ao santo fundador da Ordem dos Pregadores.

O Santo Padre delegou o comando da pequena, mas prestigiosa frota dos Estados Pontifícios, composta de 12 naus de guerra, ao nobre Marco Antonio Colonna.

O príncipe ajoelhou-se para receber pessoalmente das mãos de São Pio V o estandarte da Liga, no qual estavam estampadas as imagens de Jesus Crucificado, São Pedro, o brasão do Papa e a inscrição “In hoc signo vinces” (“Com este sinal vencerás”).

Foi o lema visto acima de uma Cruz luminosa, no céu, pelo Imperador Constantino, no ano 312, e que o levou à vitória na famosa batalha de Ponte Mílvia, contra o usurpador Maxêncio.

O ponto de encontro de toda frota era a cidade de Messina, na Sicília. Primeiro, chegaram os venezianos com suas 66 naus, comandados pelo veterano Sebastião Veniero, que mantinha o fulgor de soldado, mesmo aos 70 anos. Logo depois, vieram as 60 naus espanholas comandadas por Andrea Doria, experiente navegador do Mediterrâneo.

A cidade de Messina fervia de entusiasmo pela vinda desses novos cruzados. Mas a verdadeira comemoração se deu quando D. João d’Áustria aportou com seus 45 navios.

Ele parecia uma figura angélica: vestido com sua armadura brilhante, cabelos loiros, de porte aristocrático, alto e esguio. O príncipe havia recebido do delegado pontifício, o Cardeal Granvela, o estandarte da Liga. O prelado lhe dissera:

“Toma, ditoso príncipe, a insígnia do verdadeiro Deus humanado. O sinal vivo da santa Fé, da qual tu és defensor nesta jornada. Ele te dará uma vitória gloriosa sobre o ímpio inimigo, e por tua mão será abatido seu orgulho. Amém!”.

Por sugestão do Papa, D. João d’Áustria tomou providências para garantir o sucesso da guerra, atraindo as graças de Deus, o Senhor dos Exércitos.

Todos os combatentes, marinheiros, soldados e nobres, jejuaram durante três dias, além de se confessarem e receberem a Sagrada Comunhão. Mulheres foram proibidas a bordo dos navios para evitar qualquer desregramento. A blasfêmia passou a ser punida com pena de morte.

Em 15 de setembro, a esquadra soltava as velas. O espetáculo da partida é digno de reverência. Centenas de naus se perfilavam com suas bandeiras multicolores.

Na ponta do cais, o Núncio papal, vestido com seus melhores paramentos, abençoava, uma a uma, as embarcações à medida que iam passando.

Nossa Senhora de Lepanto, Espanha
Nossa Senhora de Lepanto, Espanha
Os tripulantes ajoelhavam-se piedosamente no convés das naus, fazendo o sinal da cruz. O povo, em meio a ovações e aplausos, acompanhava tudo enlevado, seguindo os gestos dos guerreiros.

A insigne esquadra desses verdadeiros cruzados era composta de 208 galés e outra centena de pequenos barcos de transporte e apoio. Mais de 80 mil soldados, nobres e plebeus, era o total dos homens a bordo.

As notícias diziam que a frota turca se encontrava na região da Grécia. D. João d’Áustria decidiu ignorar os conselhos de alguns comandantes de tomar uma posição apenas defensiva. Ele optou por seguir a diretriz dada pelo Santo Padre: perseguir os turcos, atacá-los e aniquilá-los.

Já no litoral grego, os católicos ficaram horrorizados ao verem a destruição promovida pelos infiéis. Cidades destroçadas e incontáveis corpos de mártires espalhados pela região.

O horror produzido nos cruzados se transformava em indignação e maior vontade de acabar de vez com tal insolência dos muçulmanos.

Em 6 de outubro de 1571, a esquadra se aproximou da embocadura do estreito de Lepanto. O inimigo não estava distante. Era uma questão de horas até que ele aparecesse. A noite transcorreu tranquila, o mar calmo e o céu límpido ornado com luz do luar.

No raiar da manhã daquele memorável dia 7 de outubro, a esquadra turca surgiu no horizonte, ainda muito afastada para qualquer embate. Saindo do golfo, com vento favorável vindo do leste, enfunavam-se as velas de mais de 280 galés de combate, levando 100 mil turcos!

Os chefes cristãos vieram conferenciar com D. João d’Áustria em sua nau capitânia, La Real. “Não é prudente dar batalha a um inimigo numericamente superior”, disseram eles ao generalíssimo.

Mas o jovem príncipe retrucou com firmeza: “Não é hora de conversar, mas de lutar”.

Todos sentiram tal confiança estampada em seu rosto e em suas palavras, que não hesitaram mais. D. João d’Áustria concluiu: “Aqui venceremos ou morreremos”.

No início da tarde, um vento favorável soprou do oeste, lançando os cristãos em direção do inimigo. Era como se Deus estivesse “ansioso” para vê-los em ação.

À distância, os turcos dispararam um canhão em sinal de ameaça. De sua nau capitânia — onde tremulava uma bandeira com a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, vinda das possessões espanholas na América — D. João d’Áustria aceitou o desafio e ordenou um disparo de revide que afundou um dos barcos turcos.

O cenário estava montado para a maior batalha naval da História. É o que veremos no próximo post.

Fontes bibliográficas:

WEISS, Juan Bautista. Historia Universal, Barcelona: Tipografia La Educación, 1929, vol. IX, pp. 535 a 540.

Walsh, William Thomas. Felipe II, 7ª edição, Madri, Espasa-Calpe, 1976, pp. 565 a 579.

Lataste, J. (1911). Pope St. Pius V. In The Catholic Encyclopedia. New York: Robert Appleton Company. http://www.newadvent.org/cathen/12130a.htm

Continua no próximo post : Lepanto: se engaja a batalha do tudo ou nada

(Autor: Paulo Henrique Américo de Araújo, CATOLICISMO, janeiro 2015)





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terça-feira, 13 de agosto de 2024

A batalha de Lepanto: um Harmagedon naval
entre a Cruz e o Crescente

São Pio V vê miraculosamente
a vitória de Nossa Senhora em Lepanto
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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diversos blogs




No ano de 1566 subia ao trono pontifício o Cardeal Antonio Ghislieri.

O novo Papa, de família nobre, entrara ainda jovem na Ordem dominicana, onde aprendeu a prática da virtude e da austeridade que deveria transmitir no governo da Igreja.

Ele assumia aos 62 anos o nome que passaria a ser conhecido como um dos maiores Papas de todos os tempos: São Pio V.

São Pio V — grande comandante das forças católicas

Mas o revide de Deus já estava pronto para entrar em cena. São Pio V assumiu com galhardia o supremo comando da Igreja e, à maneira de um bom general, trouxe a vitória da Cruz sobre todos seus inimigos.

Ele auxiliou os católicos perseguidos pelos príncipes alemães protestantes. Incentivou a Liga Católica contra os huguenotes na França. Apoiou a Espanha contra as revoltas protestantes nos Países Baixos. Excomungou a herética rainha Elizabete I da Inglaterra.

Internamente na Igreja, combateu com vigor o relaxamento moral do clero e incrementou a observância da disciplina eclesiástica do Concílio de Trento. Seu próprio exemplo pessoal foi poderoso antídoto contra os escândalos de certos clérigos.

Mas o foco deste artigo é a enérgica atitude de São Pio V diante do perigo muçulmano.

Desde o tempo das Cruzadas, os Romanos Pontífices recorriam à legítima força das armas quando os outros meios haviam se mostrado ineficazes.

A legitimidade da guerra, em certas circunstâncias, é ponto pacífico na doutrina católica. Em face do inimigo muçulmano não havia possibilidade de diálogo, diplomacia, nem concessões.

A única solução possível mostrou ser a força. E esse foi o recurso utilizado por São Pio V, com a autoridade conferida aos Papas pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.

O oponente que o santo Pontífice tinha diante de si era terrível: a frota turca, equipada com centenas de navios de guerra e milhares de guerreiros bem treinados, uma força inconteste nas águas do Mediterrâneo.

Dom João d'Áustria, Pantoja de la Cruz (1553 – 1608), Museo del Prado, Madri.
Dom João d'Áustria, Pantoja de la Cruz (1553 – 1608),
Museo del Prado, Madri.
Para enfrentá-los, só uma força à altura. Todavia, isoladamente nenhuma nação católica possuía tal poder. Era preciso estabelecer um acordo entre príncipes cristãos. Surgia na mente do Papa a ideia da Santa Liga.

As negociações entre Espanha, Veneza e outras cidades italianas se iniciaram, tendo como árbitro o Romano Pontífice. Muitos interesses estavam em jogo, o que retardava a concórdia, fazendo sofrer imensamente o Papa.

D. João d’Áustria — guerreiro enviado pela Providência

Em 1570, os turcos atacaram Chipre. A partir de então, o Pontífice não descansou até resolver todos os meandros diplomáticos para concluir o pacto das forças católicas. Os Estados Pontifícios se somariam a essas forças com seus próprios navios e soldados.

O comando geral da Santa Liga foi dado a D. João d’Áustria, filho do Imperador alemão Carlos V e meio-irmão de Felipe II, rei da Espanha. A escolha era ideal.

O jovem príncipe, de apenas 24 anos, fogoso e ávido de combates pela boa causa, deveria catalisar todos os esforços para o objetivo central: a destruição da armada turca.

A respeito desse eleito comandante da esquadra católica, São Pio V citou a Escritura: “Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João” (Jo 1,6). Assim, o Papa dava sua chancela de que a escolha de D. João d’Áustria vinha do Céu.

Durante os vaivéns diplomáticos, Chipre sofria com a invasão turca. Nicósia, importante cidade de Chipre, caiu depois de 48 dias de cerco.

Famagusta, capital da ilha, resistiu durante meses, mas afinal, vendo que não havia possibilidade de vitória, e diante das notícias do atraso na formação da Santa Liga, o prefeito, Antonio Bragadino, combinou a rendição da praça com os turcos.

Estes concordaram em deixar os cristãos partirem em liberdade. Mas, diante das portas abertas da cidade, os muçulmanos traíram a palavra dada, atacaram e prenderam Bragadino.

Este foi esfolado vivo, enquanto toda a população era assassinada, inclusive mulheres e crianças. As atrocidades cometidas contra os católicos foram horríveis e indescritíveis.

(Autor: Paulo Henrique Américo de Araújo, CATOLICISMO, janeiro 2015)

continua no próximo post: Lepanto: a maior batalha naval da História





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terça-feira, 30 de julho de 2024

A Batalha de Lepanto e o heroísmo de São Pio V

Nossa Senhora apareceu no Céu aterrorizando os turcos. O vento mudou de sentido. De ali provêm a invocação "Auxílio dos Cristãos", ou "Auxilium Christianorum".
Nossa Senhora apareceu no Céu aterrorizando os turcos. O vento mudou de sentido.
De ali provêm a invocação "Auxílio dos Cristãos", ou "Auxilium Christianorum".
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
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No dia 7 de outubro de 1571, aconteceu a maior vitória naval da Cristandade sobre o Império muçulmano.

O enfrentamento das esquadras católicas contra as do Islã acontecido no golfo de Lepanto, salvou Europa e a Civilização Cristã da invasão islâmica.

As consequências seriam incalculáveis no continente europeu que caminhava para ser ocupado pelos mouros.

Por intercessão de Maria Santíssima, apesar da enorme desproporção de forças, a armada católica saiu magnificamente vencedora.

Cristo miraculoso de Lepanto, catedral de Barcelona
O Santo Cristo de Lepanto
levado ostensivamente numa nau católica
inclinou-se para evitar um tiro e ficou na posição.
É venerado na catedral de Barcelona.
* * *

Vou destacar aqui um herói da batalha de Lepanto, a respeito do qual pouco se fala. Esse herói foi o Papa São Pio V.

O Pontífice via bem o poder otomano crescer cada vez mais, e o perigo de os otomanos se jogarem sobre a Itália ou sobre qualquer outra parte da Europa.

Ele via os islâmicos operarem uma invasão que poderia ter efeitos tão ruinosos ou talvez mais ruinosos do que teve a invasão dos árabes na Espanha, no começo da Idade Média.

Nessa situação, São Pio V tinha que apelar naturalmente para o varão que era o apoio temporal da Igreja naquele tempo: Felipe II, Rei da Espanha.

O Imperador do Sacro Império Romano Alemão não tinha condições, por causa da divisão religiosa no império [em razão da revolução protestante], de lutar eficazmente contra os mouros.

A França estava corroída por uma crise religiosa muito grande, guerra de religião etc.

A união do poder espiritual com o poder temporal


O Papa só podia contar, dentre as grandes potências católicas, com Felipe II de um lado, e, de outro, com Veneza, que dispunha de grande poder marítimo.

Caso Felipe II se retraísse, a horda maometana desataria sobre a Itália, e depois atingiria toda a Cristandade.

Seria o fim da Civilização Cristã no Ocidente.

Não seria o fim da Igreja, porque ela é imortal; mas, ao que a Igreja poderia ficar reduzida, ninguém sabe.

Se não fosse a pressão de São Pio V, não se teria realizado a Batalha de Lepanto, porque a Espanha não teria mandado sua esquadra.

Esta era o grande contingente decisivo dentro das esquadras aliadas que lutaram e venceram em Lepanto.

Sao Pio V vê a vitória de Lepanto, Notre Dame de Fourvière, Lyon
São Pio V desde Roma vê miraculosamente a vitória da frota católica.
Mosaico na basílica de Fourvière, Lyon, França.
Assim se compreende melhor por que razão houve a famosa aparição a São Pio V.

Ele estava numa reunião de cardeais, em Roma, e em certo momento levantou-se e rezou um terço pela vitória dos católicos sobre os maometanos, decisiva para a Cristandade.

Enquanto o Papa rezava o terço, teve a revelação da vitória das esquadras católicas.

São Pio V foi um verdadeiro herói, como Dom João d’Áustria e os outros grandes guerreiros que venceram em Lepanto.



(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excerto de palestra em 7/10/75 não revista pelo autor).







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terça-feira, 4 de junho de 2024

Bispo nigeriano: o terço derrotará o Islã

D. Oliver Dashe Doeme, bispo da diocese de Maiduguri, Nigéria:
o terço está nos dando a vitória contra o terrorismo do Islã




Dom Oliver Dashe Doeme, bispo da diocese de Maiduguri, nordeste do estado de Borno, na Nigéria, disse ter visto Cristo lhe oferendo uma espada para combater a organização islâmica Boko Haram (figurativamente = “a educação ocidental ou não-islâmica é um pecado”), que aterroriza o país. Ele narrou o fato à agência Catholic News Agency.

Quando ele pegou a espada, ela se transformou no Terço de Nossa Senhora. O Terço é o instrumento chave para afastar o terrorismo islâmico do país. Ele deve ser rezado até que o islamismo desapareça da Nigéria, explicou.

Fato análogo aconteceu na Áustria, ocupada pelos soviéticos após a II Guerra Mundial: a cruzada de orações do Rosário foi tão bem sucedida que os invasores comunistas abandonaram o país que haviam dominado com seus tanques e suas botas.

Dom Olivier estava rezando o Rosário diante do Santíssimo Sacramento na sua capela pessoal quando teve a visão.

Segundo ele, Jesus de início nada disse, mas lhe ofereceu a espada. “Assim que peguei no gládio, ele se transformou num terço” e Jesus repetiu três vezes: “O Boko Haram irá embora”.

“Não preciso de um profeta que me dê a explicação. É claro que com o Terço nós seremos capazes de expelir o Boko Haram”, acrescentou.

Quando Dom Olivier assumiu a diocese em 2009, ela contava com 125.000 católicos. Porém, após a explosão de violência islâmica, entre 50 e 60 mil migraram para regiões mais seguras da Nigéria.

Agora, a maioria está voltando à medida em que o exército da Nigéria, do Chade e dos Camarões está retomando o controle do território.

Dom Olivier lembrou que também os romanos acharam
que acabariam com a Igreja matando e queimando.
Mas não adiantou de nada
A Igreja esta fundada sobre a Pedra que é Pedro.
Em 2014, os islâmicos do Boko Haram, que aplicam o Corão ao pé da letra, sequestraram 300 meninas numa escola estadual. Em março de 2015, mataram 54 pessoas e feriram cerca de 150, em cinco atentados suicidas na capital do estado de Maidaguri, onde reside o bispo.

Os muçulmanos assassinaram 1.000 pessoas na Nigéria nos últimos três meses, segundo Human Rights Watch, e mais de 6.000 cidadãos foram mortos pelos asseclas de Maomé desde 2009.

Dom Olivier tem uma intensa devoção pela Mãe de Cristo e diz: “Eu nunca brinco com ‘minha mãe Maria’. Eu sei que ela está aqui conosco”.

Ele não é o único bispo a depositar o futuro da Nigéria nas mãos de Nossa Senhora. A própria Conferência Episcopal consagrou o país duas vezes à Mãe de Deus nos últimos anos.

O bispo está certo de que, graças à intercessão d’Ela, a diocese vai se recuperar inteiramente.

“Esses terroristas… acham que queimando nossas igrejas, incendiando nossas instalações vão destruir o catolicismo. Nunca!”, exclamou Dom Olivier.

“Poderá levar alguns meses ou alguns anos... mas no fim ‘o Boko Haram irá embora’”, acrescentou, ecoando as palavras da visão.

Ele sublinhou à agência Catholic News Agency que “a oração, especialmente a recitação do Terço, é o que nos libertará dos flagelos desse demônio do terrorismo. E, certamente, já está produzindo esse fruto”, mencionando as localidades onde os terroristas estão em retirada.

Qualquer que seja a opinião que se possa ter da visão descrita pelo bispo, um fato é certíssimo: se o episcopado tomasse uma iniciativa séria, metódica, que engajasse a população na devoção assídua e fervorosa do Terço, todas as portas da esperança estariam abertas.

Inclusive no Brasil! Mas onde estão esses bispos?


Video: Mons. Oliver Dashe Doeme: "na Nigéria temos o demônio de Boko Haram" (Boko Haram = "a educação ocidental ou não-islâmica é um pecado")



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