quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Beato Marco d’Aviano aclamado herói no esmagamento dos turcos

Batalha de Viena: o Beato foi o líder espiritual da coalizão católica contra os turcos
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O cerco de Viena e a atuação política do admirável capuchinho

Na noite do dia 7 de julho, o Imperador foi obrigado a abandonar a cidade, para congregar as tropas aliadas mais a oeste. No dia 17, os turcos fecharam o cerco em torno da capital.

Setenta mil pessoas permaneciam em Viena, entre as quais 10 mil soldados. A defesa foi organizada com a ajuda das Corporações de Ofício e dos estudantes.

O famoso historiador von Pastor observa que “assim começava o mais preocupante de todos os cercos da História”. Se Viena fosse conquistada, toda a Europa ficaria ameaçada de cair sob o domínio muçulmano.

Mediante freqüentes cartas, o Imperador ia colocando o Padre Marco a par dos acontecimentos. De todos os lados recebia o frade apelos para que viesse ao teatro da batalha.

O Conde Felipe Guilherme, do Palatinado, escreveu-lhe: “Vossa vinda é absolutamente indispensável. Sem vossa presença estamos perdidos”. No início de setembro, chegou o Santo capuchinho à cidade de Linz.

Armas capturadas aos turcos
Cabendo naturalmente a Leopoldo I o comando geral das tropas, mas não tendo qualidades para tal, a primeira tarefa do Padre Marco foi convencê-lo aceitar a humilhante mas generosa atitude de renunciar a esta posição, permanecendo à margem das operações, conservando contudo o título nominal de chefe supremo dos Exércitos católicos.

No dia 4 de setembro, tendo chegado os reforços prometidos, manifestaram-se desacordos e rivalidades entre os chefes dos diversos exércitos.

O frade participou do conselho de guerra realizado na cidade de Tulln, como Legado papal, e conseguiu um acordo de todos para que cada Príncipe comandasse seu exército, mas sob a liderança do mais altamente colocado entre eles, o Rei João Sobieski, da Polônia.

Preparação espiritual: condição da vitória militar

No dia 8 de setembro, festa da Natividade de Nossa Senhora, celebrou o Padre Marco Missa nos campos de Tulln e concitou todos ao arrependimento de suas faltas e a terem grande confiança em Jesus e Maria.

O Rei João Sobieski escreveu à sua esposa no dia seguinte:

 “Passamos o dia de ontem em oração. O Padre Marco d’Avino deu-nos a sua bênção. Ele proferiu um extraordinário sermão de exortação. 

Perguntou-nos se tínhamos confiança em Deus e, à nossa resposta unânime fez-nos repetir diversas vezes o brado ‘Jesus Maria, Jesus Maria’. 

Ele é verdadeiramente um homem de Deus e não é nem inculto nem carola”.

O frade foi depois de unidade em unidade transmitindo confiança.

No dia 11 os Exércitos católicos conquistaram a colina de Kahlenberg, pouco defendida. Grave erro tático dos turcos, pois dela se tem boa visão de todo o campo onde a batalha decisiva iria se desenrolar.

Atuação decisiva para a vitória

No dia 12 pela manhã, o santo capuchinho celebrou Missa e distribuiu a Santa Comunhão para os generais. Proferiu também um curto mas eloqüente sermão, tendo oferecido sua vida se necessário fosse.

Durante muito tempo, a batalha permaneceu indecisa. O Padre Marco ia com seu Crucifixo na mão aos lugares onde o perigo era maior, exortando todos a lutar com confiança e coragem.

Até que uma corajosa intervenção do Duque Carlos de Lorena conseguiu enfraquecer a ala direita do exército turco, o que permitiu à cavalaria polonesa acabar por infligir-lhe uma grave derrota, colocando todo o exército inimigo em fuga desordenada.

Ttúmulo do Beato, igreja dos capuchinos, Viena
Estava assim definitivamente quebrado o mito do poderio turco.

Mas os esforços do Padre Marco não cessariam então. Ele insistia em que os Bálcãs fossem completamente libertados do domínio turco.

Radicalidade combativa pela Cristandade

Em Viena, a comemoração da vitória consistiu numa grande decepção para o santo capuchinho, pois os vienenses só pensavam em compensar com grandes festas as privações passadas.

Os militares planejavam atacar a França para castigar Luiz XIV por suas traições, enquanto o capuchinho dizia:

“Sendo a França uma nação católica, devemos nos defender somente na medida do estritamente necessário. Todas as nossas energias devem se voltar contra o poderio turco, este é o nosso verdadeiro inimigo”.

O Papa Inocêncio XI propunha uma aliança entra a França, Veneza e o Sacro Império, a fim de libertar todos os cristãos dos Bálcãs e da Hungria.

Video: A batalha de Viena
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(Autor: Carlos Eduardo Schaffer, Catolicismo, abril 2000)



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