segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Godofredo de Bouillon não quis usar coroa
onde Jesus foi coroado de espinhos

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O tempo de opor um governo regular a todas as desordens tinha chegado. Godofredo escolheu o momento em que os príncipes latinos estavam reunidos em Jerusalém.

Homens sábios e piedosos foram convocados ao palácio de Salomão e encarregados de redigir um código das leis para o novo reino.

As condições impostas para a posse da terra, os serviços militares dos feudos, as obrigações recíprocas do rei e dos senhores, dos grandes e dos pequenos vassalos, tudo isso foi estabelecido e regulado segundo os costumes dos francos.

Mas, principalmente os súditos de Godofredo, pediam juízes, para resolver as questões e proteger os direitos de cada qual.

Foram instituídas duas cortes de justiça: uma, presidida pelo rei, e composta pela nobreza, devia pronunciar-se sobre as questões dos grandes vassalos: a outra, presidida pelo visconde de Jerusalém, e formada pelos principais habitantes de cada cidade, devia regrar os interesses e os direitos da burguesia ou das comunas.

Instituíram uma terceira corte, reservada aos cristãos orientais; os juízes eram nascidos na Síria, falavam-lhes a língua e pronunciavam as sentenças de acordo com as leis e os costumes do país.

As leis que se davam à cidade de Davi foram sem dúvida um espetáculo novo para a Ásia.

Tornaram-se bem depressa motivo de instrução mesmo para a Europa, que se admirou por encontrar, além dos mares suas próprias instituições modificadas pelos costumes do Oriente e pelo espírito da guerra santa.

Essa legislação de Godofredo, a menos imperfeita que se viu até então, entre os francos, e que aumentou e melhorou nos reinados seguintes, foi deposta com grande pompa na Igreja da Ressurreição, e tomou o nome de Assembleias de Jerusalém ou Cartas do Santo Sepulcro.

(Autor: Joseph-François Michaud, “História das Cruzadas”, vol. II, Editora das Américas, São Paulo, 1956. Tradução brasileira do Pe. Vicente Pedroso, páginas 90 ss).



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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Bento XIV: “muçulmanos, os piores entre os celerados”

S.S. Bento XIV.
Pierre Hubert Subleyras (1699-1749) Palácio de Versailles
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Carta do Papa Bento XIV de louvor  à Ordem Militar Hospitalar de São João de Jerusalém, conhecida também como Ordem de Malta, por sua heroica defesa da Cristandade ameaçada pelas forças muçulmanas


“A Ordem Hierosolimitana tem um lugar de escol entre as Ordens militares que, com satisfação Nossa, sustentam a Religião Católica e a defendem corajosamente contra seus inimigos.

Para glória de Cristo, esta Ordem move o mais duro combate contra os muçulmanos, os piores entre os celerados.

Brasão da Ordem de Malta
Com todas as suas forças, ela protege sem descanso as fronteiras da Cristandade contra as incursões deles.

“Para nela ser admitido como soldado, é preciso fazer prova de nobreza; mas também, a fim de poder combater mais facilmente e ser mais livre e mais apto para os trabalhos que se preveem, é necessário renunciar às facilidades da vida doméstica e fazer voto de castidade.

“Eis por que Nós, elevado pela graça de Deus à Sé suprema de São Pedro, desejando dar um testemunho da benevolência pontifícia a esta Ordem ilustre, que tanto mereceu já da Igreja e da Santa Sé, decidimos conceder-lhe importantes privilégios e socorrê-la em suas necessidades atuais”.



segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Godofredo de Bouillon, fundador do Reino Latino de Jerusalém

Godofredo de Bouillon. Fundo: Puerta de Damasco em Jerusalém.
Godofredo de Bouillon. Fundo: Porta de Damasco em Jerusalém.

Quando Godofredo voltou a Jerusalém, soube que Balduino, conde de Edessa e Boemundo, príncipe de Antioquia, estavam em viagem para visitar os santos lugares.

Lembremo-nos de que esses dois chefes da primeira cruzada não tinham seguido seus irmãos de armas para a conquista da cidade santa.

Eles vinham a Jerusalém acompanhados de um grande número de cavaleiros e de soldados da cruz, que haviam ficado como eles para a defesa do país conquistado e se mostravam impacientes por terminar a peregrinação.

A esses ilustres guerreiros uniu-se uma multidão de cristãos, vindos da Itália e de várias regiões do Ocidente. Essa piedosa caravana que contava vinte e cinco mil peregrinos, muito teve que sofrer nas costas da Fenícia.

Mas quando viram Jerusalém, diz Foulcher de Chartres, que acompanhava Balduino, conde de Edessa, todas as misérias que tinham sofrido foram esquecidas.

A história contemporânea diz que Godofredo “muito contente por receber seu irmão Balduino, homenageou magnificamente os príncipes durante lodo o inverno”.

Daimbert, arcebispo de Pisa, tinha chegado com Balduino, conde de Edessa e Boemundo, príncipe de Antioquia; à força de presentes e de promessas, fez-se nomear patriarca de Jerusalém, no lugar de Arnould de Rohes.

Esse prelado, educado à escola de Gregório VII, sustentava com ardor as pretensões da Santa Sé.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Fama e virtudes de Godofredo de Bouillon

Godofredo de Bouillon recebe os emires em sua tenda. Gustave Doré (1832 — 1883)
Godofredo de Bouillon recebe os emires em sua tenda.
Gustave Doré (1832 — 1883)

Durante o mesmo cerco [de Arsur], vários emires vieram das montanhas de Naplusa e da Samaria, cumprimentar Godofredo e oferecer-lhe presentes, como figos e uvas, secos ao sol.

O rei de Jerusalém estava sentado por terra, sobre um saco de palha, sem aparato, nem guardas.

Os emires demonstraram sua surpresa e perguntaram como um tão grande príncipe, cujas armas tinham abalado o Oriente estava humildemente por terra, não tendo nem mesmo um travesseiro de seda, nem um tapete de damasco.

“A terra de onde temos nossa origem e que deve ser nossa última morada, depois da morte, respondeu Godofredo, nos não poderá servir de trono durante a vida?”

Esta resposta que parecia ter sido ditada pelo mesmo gênio dos orientais, não pôde deixar de impressionar vivamente os emires.

Cheios de admiração por tudo o que tinham visto e ouvido, deixaram Godofredo desejando sua amizade; em Samaria muito se admiraram de que ele mostrasse tanta simplicidade e sabedoria, entre os homens do Ocidente.

Ao mesmo tempo, narrava-se muitas maravilhas, sobre a força de Godofredo: haviam-no visto, com um só golpe de espada, cortar a cabeça de um dos maiores camelos.

Um emir poderoso, entre os árabes, quis julgar o fato, ele mesmo e veio pedir ao príncipe cristão, que renovasse na sua presença, o prodígio.