segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Roubo de espada revela saudades da Idade Média

Durandal encravada na piedra em Rocamadour
Durandal encravada na pedra em Rocamadour
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





A espada medieval “Durandal” do lendário herói Roland falecido numa batalha que ficou para a História como um modelo de virtudes cavalheirescas estava fantasticamente encravada há 1.300 anos na parede de uma rocha do santuário de Rocamadour, no sul da França.

Porém, desapareceu provavelmente roubada, segundo informações do jornal britânico The Independent. A relíquia estava envolvida numa aura gloriosa que inspirou uma tradição grandemente espalhada na Europa e na Igreja medieval.

O lendário paladino defendeu até morrer a retaguarda do exército do imperador Carlos Magno, contra um exército muçulmano nos abismos dos Pirineus, mais precisamente em Roncesvales.

Ela se encontrava no santuário de Rocamadour profundamente encravada na pedra a 10 metros de altura e em virtude de seu tamanho, a arma era considerada inatingível.

Roland en Roncesvales segura Durandal e chama a Carlos Magno Wolfgang von Bibra (1862–1922),  Burg Brennhausen
Roland em Roncesvales segura Durandal e chama a Carlos Magno
Wolfgang von Bibra (1862–1922),  Burg Brennhausen
Malgrado a aura fantástica que envolve a espada, o roubo abalou a cidade de Rocamadour.

O prefeito, Dominique Lenfant deplorou o crime porque a espada é uma referência para os moradores e visitantes da região. “Vamos sentir falta de Durandal” afirmou ao jornal local La Dépêche, que na ocasião esqueceu seu passado laicista.

“Rocamadour sente que foi roubada de uma parte de si mesma. Mesmo que seja uma lenda, os destinos de nossa vila e desta espada estão entrelaçados” disse.

No poema “La Chanson de Roland” (“A Canção de Rolando”) do século XI, a espada é descrita como símbolo do heroísmo abençoado por Deus, como uma relíquia sagrada pelo holocausto dos heróis cristãos.

Segundo a lenda, Carlos Magno teria recebido a arma de um anjo e a repassou para Roland, seu sobrinho.

“La Chanson de Roland” canta o herói como o último combatente com vida na batalha de Roncesvales, que antes de morrer tenta num esforço extremo quebrá-la numa rocha para impedir que caia nas mãos dos islâmicos, mas não consegue e então se deita sobre ela para morrer.

O combate de Roncesvales não pode ser verificado pelos arqueólogos, mas os eruditos dedicaram estudos e mais estudos ao ensinamento moral da “La Chanson de Roland”.

Ela aparece como uma requintada aula, um verdadeiro e próprio manual em verso, que ensina a pureza do catolicismo na ordem temporal admirado e que se desejava praticar, no “tempo em que a filosofia do Evangelho penetrava todas as instituições” segundo o Papa Leão XIII definiu a Idade Média.


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