terça-feira, 28 de setembro de 2021

As Ordens Militares, a Igreja e as Cruzadas

Templário (esquerda) e Hospitalário (direita)
Templário (esquerda) e Hospitalário (direita)
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








A Santa Igreja, por inspiração do Espírito Santo, engendra através dos tempos os diversos institutos religiosos.

Age assim, a fim de atender às necessidades das almas em cada momento histórico.

É uma das manifestações da sua santidade e da pujança de sua vitalidade.

Na Idade Média havia união entre a Igreja e o Estado. A comunidade dos povos cristãos, fundada na mesma Fé, constituía a Cristandade.

I. é, a grande família de povos sob a autoridade espiritual do Papa e o primado temporal do imperador do Sacro Império Romano-Alemão.

Contra a integridade da Igreja e da Cristandade investiam continuamente os inimigos internos e externos.

Os inimigos internos eram os hereges, que, por meio de suas doutrinas espiritual e temporalmente revolucionárias, procuravam arrebatar regiões e até nações inteiras à jurisdição da Santa Sé e do Império.

Os inimigos externos eram de um lado os bárbaros do oriente europeu (saxões, eslavos, etc., muitos deles depois convertidos) e também do norte da Europa como os vikings (também acabaram se convertendo).

Crack des Chevaliers, fortaleza cruzada, hoje na Síria
Crack des Chevaliers, fortaleza cruzada, hoje na Síria
De outro lado vinham os muçulmanos da Espanha, Ásia Menor e norte da África.

Estes atacavam com freqüência as fronteiras do mundo cristão, e infestavam os mares perseguindo os peregrinos que iam visitar os Lugares Santos.

Urgia defender contra essas violências a Fé e a civilização católica. Como empreender tal defesa? Para consegui-lo, a Igreja suscitou as Ordens Militares.

O espírito da Igreja fez nascer na Idade Média as Ordens Militares, que tanto fizeram para a conservação da Terra Santa.

Fez nascer aqueles cavaleiros orantes e monges armados, cujos mosteiros eram castelos. Que recebiam as expedições de peregrinos, as amparavam, curavam os feridos e doentes, e obedeciam com o mesmo fervor ao sino ou à trombeta, quando eram chamados para a batalha.

Eles eram os primeiros no ataque e os últimos na retirada. Homens cujas espadas infligiam tão graves feridas, e cujas orações e cânticos se elevavam entusiastas até o Céu!

O espírito das Cruzadas, a união do heroísmo com a devoção, do amor ao próximo com a varonilidade, da espada e da penitência, se mostra em suas cores mais brilhantes nas Ordens de Cavalaria.

TemplárioAs Cruzadas deram nascimento às Ordens Militares. Estas Ordens levaram a Cavalaria a uma nova perfeição, elevando-a até às alturas da vida monástica.

Formaram como que exércitos permanentes de cruzados, os guardiões da Cristandade.

Elas se tornaram a alma de todas as grandes empresas militares e resumiram em si tudo o que a Cavalaria produziu de heroísmo.

Aos três votos monásticos — obediência, pobreza e castidade — as Ordens Militares acrescentaram um quarto: o de consagrar-se inteiramente à guerra contra os infiéis.

Assim os cavaleiros abraçavam uma regra monástica, não para se retirarem para a solidão, mas para melhor cumprirem os ideais da Cavalaria.

Eram monges-guerreiros e formavam um exército permanente, pronto a entrar em combate onde quer que os inimigos ameaçassem a Religião cristã.


Bibliografia

Albert Ollivier, "Les Templiers", Editions du Seuil, Bourges, França, 1958.

C. López Castro, "La Batalha de Clavijo", in "Ejército", Madri, 1969.

Catolicismo - nºs 11 e 219.

"Dictionnaire de la Conversation et de la Lecture".

Eric Muraise, "Histoire Sincère des Ordres de l’Hôpital", editor Fernand Lanore, 1978, 254 págs.

Erwan Berget, "Corpos de Elite do Passado"

Eversley Belfield, "Defy and Endure", Crowell-Collier Press, New York , 1967, 96 págs.

Funck Brentano; "Féodalité et Chevalerie", Les Editions de Paris, 1946, 236 págs.

Georges Bordonove, "Les Templiers", Paris, Fayard, 1963 (nova edição: 1977)

Pierre Hélyot, "Histoire des ordres monastiques", t. VI, na Biblioteca Nacional de França - BNF, em linha.

"Histoire des Ordres de Chevalerie et des distinctives honorifiques en France"

"Historia de la Iglesia Catolica", BAC, Madri, vol. 2, 2009, 912 págs.

"Historia", Nº 139.

J. M. Garate C., "La Huella Militar em el Camino de Santiago", Publicaciones Españolas, Madri, 1971.

J.B. Weiss, "História Universal"

J.F. Michaud, "História das Cruzadas", link em PDF; em francês: Éditions de Saint-Clair, 1966, 312 págs.

John Charpentier, "L’Ordre des Templiers", edições Tallandier, 2015, 368 págs.

Jules Roy, in "Historia", nº 139

Léon Gautier, "La Chevalerie", Maison Quantin, Pais, s/d (fim século XIX); Sanard et Derangeon, 1895, 850 págs.

Luis F. de Rentana, "San Fernando III y su epoca", Editorial El Perpetuo Socorro, Madri, 1941, 483 págs.

M. Vidal Rodrigues, "La Tumba del Apóstol Santiago", Santiago, 1924.

Miguel R. Zapater, "Cister Militante Contra a Fúria Sarracena", 1662

Nicolas Gosselin, "Histoire des Ordres Monastiques, Réligieuses et Militaires" - 1715

Obras Completas de São Bernardo, BAC, Madri, vol. 2, pp. 853-862

Philippe du Puy de Clinchamps, "História Breve da Cavalaria", Editorial Verbo, Lisboa, 1965, 140 págs.

Profs. do King’s College de Londres, "A Cavalaria Medieval", The Hispanic American Historical Review Vol. 30, No. 1, Feb., Duke University Press, 1950.

Bernard Hours, "Histoire des Ordres Religieux", col. "Que sais-je?",PUF, Paris, 2012.

Rohrbacher, "Histoire Universelle de L’Église Catholique", Librairie Ecclésiastique de Briday, Lyon, 1872.



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7 comentários:

  1. Primeiramente, parabéns pela matéria, esta bem feita.
    Estarei em constante visita para ler mais, e espero encontrar ilustrações dos três soldados das ordens; Os templários, Os hospitalares e Os Teutônicos.

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  2. Onde tu conseguiu a seguinte citação: "O espírito da Igreja fez nascer na Idade Média as Ordens Militares, que tanto fizeram para a conservação da Terra Santa. Fez nascer aqueles cavaleiros orantes e monges armados, cujos mosteiros eram castelos. Que recebiam as expedições de peregrinos, as amparavam, curavam os feridos e doentes, e obedeciam com o mesmo fervor ao sino ou à trombeta, quando eram chamados para a batalha. Eles eram os primeiros no ataque e os últimos na retirada. Homens cujas espadas infligiam tão graves feridas, e cujas orações e cânticos se elevavam entusiastas até o Céu! O espírito das Cruzadas, a união do heroísmo com a devoção, do amor ao próximo com a varonilidade, da espada e da penitência, se mostra em suas cores mais brilhantes nas Ordens de Cavalaria.".
    Gostaria de usa-la em um artigo e gostaria da referencia inicial. Obrigado.

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    1. Prezado Adriano,
      A matéria deste post é resultado de uma condensação de muitas leituras e portanto não inclui citações textuais. Se pode te ajudar, acrescentei fontes bibliográfica que eu li.

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    2. Muito obrigado, me ajudou bastante.

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  3. Temos que agradecer os cavaleiros que lutaram nas cruzadas, se não fossem por eles hoje éramos Mohameds. Fico triste de ver que a Europa hoje esta sendo invadida por muçulmanos e com uma população fraca. Ótima matéria, o senhor esta de parabéns.

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  4. Sim, excelente artigo!

    Como escreveu um leitor acima, sem as Cruzadas, sem os Cruzados, hoje todos nós seríamos islamitas. E também, como escreveu outro leitor, a Europa hoje ( com exceção da Polônia, Croácia, Hungria e Romênia...), está ajoelhada perante o avanço dos "refugiados" islamitas, além, claro, da infeliz influência comunista. É preciso que lutemos contra o avanço desses dois inimigos do Cristianismo. Essa luta, apenas nós, católicos, podemos travar, pois os seguidores dos herege Lutero são individualistas ( com as exceções de praxe...), e NUNCA participaram de uma Cruzada na antiguidade.

    Oremos.

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  5. É uma alegria e um privilégio ler esse belíssimo texto! Infelizmente, e por consequência, é impossível não fazer a devida analogia com os acontecimentos contemporâneos... Assim, tenho um insofismável sentimento de vergonha e impotência ao comparar a fé, a bravura, a coragem e a honra dos cristãos daquele tempo com os de hoje.

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