quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Beato Marco d’Aviano, frade líder da Europa Cristã face à investida muçulmana

Beato Marco d'Aviano, igreja dos capuchinos, Viena
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O Pe. Marco d’Aviano nasceu em 17 de novembro de 1631 na cidade de Aviano (Friulia – Itália). Segundo filho de uma abastada e piedosa família, com 10 filhos.

Em 1645, com apenas 14 anos, Carlo Domenico ficou muito impressionado com os relatos da defesa da ilha de Creta pelas tropas da República de Veneza contra as forças turcas.

Decidiu então ajudar os cristãos perseguidos pelos turcos muçulmanos no Oriente. Juntou o pouco dinheiro que acumulara como estudante e, sem avisar ninguém, partiu de navio para Capo d’Istria.

Nessa cidade, por falta de meios, chegou a passar fome, vendo-se compelido a pedir abrigo em um convento de capuchinhos.

Lá recebeu o chamado de Deus para entrar na Ordem dos capuchinhos, onde, teve conhecimento de que também poderia ser nomeado capelão das tropas que lutavam contra os maometanos.



Exímio pregador para a santificação das almas

Husares do rei polonês Jan Sobieski
O Irmão Marco foi ordenado em 18 de setembro de 1655 e, em setembro de 1664, aos 33 anos, recebeu a láurea de pregador.

Em 8 de setembro de 1676, foi-lhe apresentada a Irmã Vincenza Francesconi, que há mais de 13 anos jazia paralisada em uma cama.

Rezou com ela a Ladainha Lauretana e, depois, deu-lhe a bênção. Sentindo a ação da graça, a doente exclamou: “Estou curada”.

A partir desse momento multiplicaram-se sem cessar os milagres.

Em 1680 foi publicado em Bozzanno um livreto contendo reflexões extraídas dos Sermões do Padre Marco, intitulado A gravidade do Pecado.

Esse opúsculo veio ter às mãos do Imperador Leopoldo I, que após lê-lo, escreveu em suas páginas: “Eu não sei se haverá alguém que, depois de tê-lo lido, ainda ouse pecar. Parece ter sido escrito para mim, pobre pecador”.

Padre Marco chegou a ser conduzido perante o Tribunal da Inquisição, que o proibiu de dar a bênção aos doentes. Tal proibição, contudo, teve pouca duração.

Profeta de desgraças vindouras

Padre Marco corajosamente censurou as indecisões do Imperador nos negócios de Estado e muitas injustiças cometidas por funcionários e juízes.

O Imperador pediu-lhe que repetisse tais admoestações em suas homilias na igreja dos capuchinhos. Foi então que proferiu, de maneira profética, a ameaça. 

“Convertei-vos, senão virá sobre Viena um castigo mais terrível do que a peste de 1678-80”.

Em meados de 1682, voltou o Padre Marco a encontrar-se com o Imperador nas proximidades de Viena. No dia 2 de julho, ao despedir-se da capital do Império, novamente advertiu a cidade:  

Oratório junto da igreja dos capuchinos, Viena
“Ai de ti, Viena, se não reformares teus costumes. Um terrível castigo em breve abater-se-á sobre ti.”

Todos esses fatos conferiam ao Santo capuchinho enorme autoridade moral para o papel que ele iria desempenhar na inspiração e organização das tropas católicas que defenderiam a capital austríaca.

Na correspondência estabelecida entre o imperador e o capuchinho, nota-se uma crescente preocupação de Leopoldo I com o aumento do poderio turco sob o governo do Grão-vizir Kara Mustafá.

A situação aumentava de gravidade devido à atitude de Luiz XIV.

Este apoiava os revoltosos húngaros, os quais pediam o auxílio dos turcos.

Leopoldo I contava somente com um poderoso e incansável defensor: o Papa Inocêncio XI.

Este tentou, com pouco êxito, coligar as nações católicas para a defesa do Sacro Império.

Apenas a Polônia, a Baviera, a Saxônia e a Renânia prometeram ajuda.

Já no início de 1683, o exército turco havia tomado Belgrado e aproximava-se de Viena com mais de 250 mil homens.

continua no próximo post

(Autor: Carlos Eduardo Schaffer, Catolicismo, abril 2000)



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Um comentário:

  1. "A situação aumentava de gravidade devido à atitude de Luiz XIV. Este apoiava os revoltosos húngaros, os quais pediam o auxílio dos turcos."
    Cem anos depois a casa real francesa pagará caro por isso.
    Quanto aos húngaros, basta lembrar Trianon.

    Tullianum

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