segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Roger, príncipe de Antioquia,
entrou até nas lendas dos muçulmanos

Roberto de Normandia no sitio de Antioquia.
Jean-Joseph Dassy (1796–1865), in "Croisades, origines et consequences", Paris, 1850.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Em 1113, o sultão seljúcida da Pérsia e o califa de Bagdá empreenderam mais uma contra-cruzada.

Dois exércitos turcos convergiram no sul do lago Tiberíades.

Balduíno I lançou um premente apelo aos príncipes francos. Mas, as devastações das bandas turcas tinham-no exasperado.

Ele não aguardou os outros príncipes. Apenas com 700 cavaleiros e 4.000 infantes caiu como um raio sobre os turcos em Sinn en-Nabra, a 20 de junho de 1113.

Os turcos, porém, tinham montado uma emboscada que Balduíno I não percebeu.

Ele viu-se subitamente envolto pela cavalaria de elite turca esmagadora em número. Pegando a bandeira do reino nas próprias mãos ele lutou até o ultimo momento congregando os seus.

No fim, deixou o campo de batalha com a maioria dos cavaleiros e se refugiou na cidade de Tiberíades.



Ali recebeu os reforços de Tancredo, príncipe de Antioquia, e Pons conde de Trípoli que chegaram com bela cavalaria.

Lealmente, o rei acusou-se diante deles pela sua falta, e depois reuniu o conselho. O exército franco foi reconstituído, mas a superioridade numérica turca ficava sempre imensa.

As bandas turcas e árabes começaram a saquear as aldeias vizinhas de Tiberíades.

Mas, Balduíno I, agora mais prudente teve a energia de não cair nas provocações. Após um mês o chefe turco compreendeu que tinha fracassado e empreendeu a retirada para Damasco.

Em 1115, o sultão da Pérsia enviou mais um exército numa nova contra-cruzada, desta vez sob o comando do emir de Boursouq, com ordens de reconquistar a Síria.

Mas os chefes francos voltaram a reafirmar sua unidade.

Vendo a formidável coesão cristã, os emires locais preferiram se unir a eles antes de que aos turcos. Boursouq percebeu que seria impossível romper esse frente.

Então, ele fingiu que tinha renunciado à empresa e se encaminhou para Djéziré.

A coalizão não desconfiou e cada um voltou para seu feudo.

Assim que os francos se dispersaram, Boursouq deu meia volta e invadiu a Síria.

Roger de Antioquia, sucessor de Tancredo correu às armas. Não havia mais tempo para aguardar pelo retorno do rei Balduíno I.

Apelou para os príncipes vizinhos e correu ao encontro dos turcos, dissimulando sua marcha pelo maciço florestado de Feiloun.

Roger enviou em missão de reconhecimento um dos seus melhores cavaleiros: Teodoro de Barneville.

Teodoro voltou quase se alastrando. Os turcos estavam muito perto, do outro lado do bosque montando suas tendas.

Gautier nos relata a alegria épica do exército católico normando quando soube da surpresa que se preparava.

Roger deu o sinal de montar:
“Em nome de nosso Deus, às armas, cavaleiros!”

A relíquia do Santo Lenho foi exposta aos esquadrões que partiam em tromba rumo a Tell-Danith naquela madrugada de 14 de setembro do ano do Senhor de 1115.

Roger galopava à testa do centro, Balduíno du Bourg, conde de Edessa, comandava a ala esquerda. Na direita ia a cavalaria indígena dos turcopoles, recrutados na Síria franca.

Toda essa cavalaria caiu em cima dos turcos como um furacão. De início, o acampamento turco desguarnecido foi conquistado num instante.

Logo a seguir, os francos lançaram-se sobre as divisões turcas que chegavam dispersas e foram pegas de surpresa.

Boursouq com 800 cavaleiros tentou reagrupar os seus no morro de Tell Danith, mas a elevação foi tomada de assalto por Balduíno du Bourg e ao chefe turco só restou fugir.

Boursouq morreu de desgosto voltando para Hamadã.

O reino turco-árabe de Alepo caiu logo sob o protetorado de Roger.

Esta brilhante vitória valeu ao príncipe de Antioquia um prestígio inaudito no mundo muçulmano.

Sob o nome de Sirodjal (Senhor Roger) ele iria se imortalizar na legenda muçulmana do mesmo modo que Ricardo Coração de Leão.


(Autor: René Grousset, “L’epopée des croisades”, Perrin, Paris, 2002, cap. IV)


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Um comentário:

  1. Lindíssima história !!! Gostaria de sugerir uma postagem : O combate do jovem Vivien e de como ele ficou guardado na memória dos mulçumanos ! Ficarei muitíssimo grato se conseguirem. Salve Maria !

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