Situação geral, à época das Cruzadas
A causa inicial das Cruzadas foi a invasão da Terra Santa pelos Turcos seldjucidas.
Este povo originário do Turquestão, região ao Norte da Pérsia, aderiu ao islmamismo e através da "guerra santa" destruiu o império árabe de Bagdad e conquistou a parte asiática do Império Bizantino.
Em 1076 chegaram a ameaçar Constantinopla mas desviaram o objetivo e dois anos depois conquistaram Jerusalém, que estava em poder de muçulmanos árabes desde 636.
Fanáticos e cruéis, os turcos perseguiam os peregrinos: infringiam-lhes mil vexames e até os torturavam. A Terra Santa foi a partir de então fechada para os cristãos.
Cluny e a Reforma Gregoriana
Governava então a Igreja um dos maiores Papas da História: São Gregório VII. Sob seu governo, a Cristandade recebeu um impulso decisivo: a luta que os monges de Cluny travaram, desde o século X contra as desordens (que a partir da desagregação da obra de Carlos Magno assolaram a Igreja e a Sociedade), chegou então a seu período mais épico.
Essa luta gloriosa, sob um Papa admirável, explica o fervor que então se manifestava na Cristandade.
A Reconquista Ibérica, uma Cruzada de oito séculos
Desde antes de Carlos Martel e Carlos Magno, os cristãos da Península Ibérica escreviam com seu heroísmo a epopéia da Reconquista.
Com efeito, nunca os muçulmanos puderam dominá-la, pois D. Pelayo e seus sucessores mantiveram invencíveis as Astúrias, região montanhosa ao norte da Península; Covadonga marcara o início e o berço da Reconquista já desde o próprio momento em que o Islã ocupara a Península Ibérica.
São Gregório VII logo após sua eleição procurou conseguir aliados para os cristãos da Espanha em sua luta contra os mouros e para os gregos em luta com os turcos. O poderoso conde de Roncy, na Champagne, e alguns outros nobres franceses apresentaram-se então para a luta.
O Papa prometeu-lhes todas as terras que eles conquistassem aos mouros, respeitados os antigos direitos da Santa Sé que existissem naquelas reigões.
Alguns anos depois, em 1085, outros potentados franceses, entre os quais sobressaía Raymond, Conde de Toulouse, combateram valentemente ao lado das forças espanholas que Alfonso VI lançou contra os mouros.
Os turcos seljucidas contudo, constituíam no Oriente um perigo cada vez maior. Os turcos, que levavam por toda a parte a pilhagem e o massacre, ameaçavam destruir o império grego, o que tornaria muito provável uma invasão de todo o Ocidente.
São Gregório VII avaliou o perigo e em 1074, em diversos documentos, conclamou os fiéis para a defesa da Cristandade. Nesse mesmo ano o Papa convidou o Imperador Germânico a se reunir com suas forças ao exéricto de 50.000 soldados que já preparara para levar à Terra Santa.
O Papa desejava também aproveitar a ocasião para reunir a Igreja Grega com a Santa Sé da qual se separara com o cisma do Oriente.
Era uma verdadeira cruzada, muito bem organizada e se o Imperador da Alemanha tivesse atendido a esse convite do Sumo Pontífice, teria evitado muitos males para a Igreja, para o povo alemão e para si mesmo.
Porém, Henrique IV, em seu orgulho e sua cobiça iria em breve levantar-se contra São Gregório VII: a luta interna assim desencadeada impediu que o projeto do Papa se cumprisse. É impossível prever as extraordinárias conseqüências que teriam decorrido de uma cruzada realizada sob o comando de um tão forte e glorioso Pontífice.
O Patriarca de Jerusalém implora o socorro do Papa e dos Príncipes
Os anseios de Cruzada seriam realizados pouco depois por outro grande Papa, cluniacense também ele, como o fôra São Gregório VII: Urbano II. Ele a convocou no Concílio de Clermont em 1095, como no-lo narra Michaud em sua História das Cruzadas:
A fama das peregrinações ao Oriente fez Pedro (o Eremita) sair de seu retiro. Ele seguiu a multidão dos cristãos à Palestina, para visitar os santos lugares. (...) Depois de ter seguido seus irmãos ao Calvário e ao Sepulcro de Jesus Cristo, foi ter com o Patriarca de Jerusalém. Os cabelos brancos de Simeão, sua venerável figura e principalmente a perseguição que ele havia sofrido, mereceram-lhe toda a confiança de Pedro: eles choraram juntos os males dos cristãos. (...) Pedro disse-lhe, que talvez um dia os guerreiros do Ocidente seriam os libertadores de Jerusalém. Sim, sem dúvida, replicou o Patriarca; quando nossa aflição chegar ao auge, quando Deus se comover, ante nossas misérias, Ele moverá o coração dos Príncipes do Ocidente e os mandará em auxílio da cidade santa. (...) O Patriarca resolveu implorar por meio de cartas o socorro do Papa e dos Príncipes da Europa. (...)
Depois dessa entrevista, Pedro ficou persuadido de que o céu mesmo o havia encarregado de vingar sua causa. Um dia, quando estava prostrado diante do Santo Sepulcro, pareceu-lhe ouvir a voz de Jesus Cristo que lhe dizia: "Pedro, levanta-te, corre a anunciar as tribulações de meu povo; é tempo de que meus servidores sejam socorridos e os lugares santos, libertados". Cheio do espírito dessas palavras que lhe ecoavam continuamente ao ouvido, atravessa os mares, desembarca nas costas da Itália e vem lançar-se aos pés do Papa.
Urbano II encarrega Pedro o Eremita de pregar a Cruzada
Urbano recebeu Pedro e o encarregou de anunciar a próxima libertação da Jerusalém.
O Eremita atravessou a Itália, passou os Alpes, percorreu a França e a maior parte da Europa, abrasando todos os corações com o zelo que o devorava. (...)
Ele lembrava a profanação dos santos lugares e o sangue dos cristãos derramado em rios pelas ruas de Jerusalém: invocava o céu, os santos, os anjos, que ele tomava como testemunhas das suas afirmações e da veracidade de tudo o que dizia. (...)
A esse espetáculo, os fiéis experimentavam por sua vez as mais vivas emoções da piedade e o furor da vingança; todos deploravam em seu coração a desgraça e a vergonha de Jerusalém. O povo elevava sua voz para o céu para pedir a Deus que se dignasse lançar um olhar sobre a cidade de sua predileção; uns ofereciam suas riquezas, outros, suas orações; todos prometiam dar sua vida para a libertação dos santos lugares.
No meio dessa agitação geral, Alexis Comeno (Imperador do Oriente), ameaçado pelos turcos, mandou embaixadores ao Papa para pedir o auxílio dos latinos."
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Não fiquemos parados!
ResponderExcluirApoiemos os nossos irmãos Líbia, presos e torturados.
http://www.persecution.org/suffering/newssummpopup.php?newscode=9683&PHPSESSID=daba4c2169b322020046ea17ee0a7917