segunda-feira, 28 de setembro de 2015

As cruzadas vitoriosas de Portugal e Sicília

Dom Affonso Henriques
Dom Affonso Henriques



Outras cruzadas, sobre as quais a cristandade não tinha seus olhos, fizeram uma guerra mais feliz nas margens do Tejo.

Há vários séculos a Espanha tinha sido invadida pelos sarracenos; dois povos rivais ali disputavam o império e combatiam pelo território em nome de Maomé e de Jesus Cristo.

Os mouros, muitas vezes vencidos pelo Cid e por seus companheiros, tinham sido expulsos de várias províncias, e, quando a segunda Cruzada partiu para o Oriente, os espanhóis sitiavam a cidade de Lisboa.

O exército cristão, pouco numeroso, esperava reforços, quando viu chegar à embocadura do Tejo uma frota que levava para o Oriente um corpo de cruzados franceses.

Afonso, príncipe da casa dos príncipes de Borgonha, e neto do rei Roberto, comandava o cerco.

Ele dirigiu-se aos guerreiros que o céu parecia mandar em seu auxílio, e prometeu-lhes a conquista de um reino florescente.

Exortou-os as vir combater contra os mesmos muçulmanos que iam procurar na Ásia, através dos perigos do mar.

“O Deus que os mandava devia abençoar suas armas; um glorioso salário e ricas possessões iriam recompensar o seu valor.”

Não se precisava de muito mais para persuadir àqueles homens que tinham feito voto de combater contra os infiéis e que buscavam aventuras guerreiras. Abandonam seus barcos, e reúnem-se aos que sitiavam a cidade.



Os mouros opuseram-lhes viva resistência, mas, no fim de quatro meses, Lisboa foi tomada de assalto e a guarnição pereceu pela espada.

Atacaram em seguida várias outras cidades, que foram tiradas aos sarracenos. Portugal ficou sujeito a Afonso, que tomou então o título de rei.

Roger de Sicília recebe as chaves da cidade de Palermo. Palazzo dei Normanni, Sala Gialla, Palermo.
Roger de Sicília recebe as chaves da cidade de Palermo.
Palazzo dei Normanni, Sala Gialla, Palermo.
Com essas conquistas, os cruzados esqueceram o Oriente e, sem correrem muitos perigos, fundaram um reino que brilhou mais e durou mais que o de Jerusalém.

Antes dessa cruzada, os muçulmanos das costas da África tinham feito uma invasão na Sicília e se haviam apoderado de Siracusa.

Foram, porém, mui depressa obrigados a abandonar sua conquista; Rogério, depois de tê-los posto em fuga, armou uma frota e os perseguiu até seu próprio país.

Os sicilianos atacaram a cidade de Trípoli, na África e voltaram para suas casas, carregados de despojos. Nesse mesmo tempo, quando os cruzados alemães e franceses chegavam à Síria, Rogério encetou uma nova guerra contra os africanos, e, enquanto Luís VII e Conrado sitiavam Damasco os guerreiros da Sicília apoderavam-se de Mahadyah, da qual uma terrível carestia lhes havia aberto as portas.

Essas expedições nas costas da África renovaram-se frequentemente durante as cruzadas, embora não tenham jamais alcançado resultados notáveis, podem, pelo menos, servir para nos explicar os motivos da última cruzada de São Luís.

Podemos julgar por esses empreendimentos, dirigidos contra os povos do Norte, contra os do Oriente e do Sul, que o espírito das guerras santas começava a ter um caráter novo.

Não se combatia somente pela posse de um sepulcro; mas tomavam-se as armas para defender a religião onde ela era atacada, para fazê-la triunfar entre todos os povos que repeliam suas leis, seus benefícios e quase sempre intenções mercantis ou projetos de conquista misturavam-se com a ideia dessas piedosas empresas.

(Autor: Joseph-François Michaud, “História das Cruzadas”, vol. II, Editora das Américas, São Paulo, 1956. LIVRO SEXTO. Tradução brasileira do Pe. Vicente Pedroso, páginas 312-316)



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