Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O tempo de opor um governo regular a todas as desordens tinha chegado. Godofredo escolheu o momento em que os príncipes latinos estavam reunidos em Jerusalém.
Homens sábios e piedosos foram convocados ao palácio de Salomão e encarregados de redigir um código das leis para o novo reino.
As condições impostas para a posse da terra, os serviços militares dos feudos, as obrigações recíprocas do rei e dos senhores, dos grandes e dos pequenos vassalos, tudo isso foi estabelecido e regulado segundo os costumes dos francos.
Mas, principalmente os súditos de Godofredo, pediam juízes, para resolver as questões e proteger os direitos de cada qual.
Foram instituídas duas cortes de justiça: uma, presidida pelo rei, e composta pela nobreza, devia pronunciar-se sobre as questões dos grandes vassalos: a outra, presidida pelo visconde de Jerusalém, e formada pelos principais habitantes de cada cidade, devia regrar os interesses e os direitos da burguesia ou das comunas.
Instituíram uma terceira corte, reservada aos cristãos orientais; os juízes eram nascidos na Síria, falavam-lhes a língua e pronunciavam as sentenças de acordo com as leis e os costumes do país.
As leis que se davam à cidade de Davi foram sem dúvida um espetáculo novo para a Ásia.
Tornaram-se bem depressa motivo de instrução mesmo para a Europa, que se admirou por encontrar, além dos mares suas próprias instituições modificadas pelos costumes do Oriente e pelo espírito da guerra santa.
Essa legislação de Godofredo, a menos imperfeita que se viu até então, entre os francos, e que aumentou e melhorou nos reinados seguintes, foi deposta com grande pompa na Igreja da Ressurreição, e tomou o nome de Assembleias de Jerusalém ou Cartas do Santo Sepulcro.
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