segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Refutando mito nº 2: os Cruzados queriam pilhar. As intenções boas eram máscara

Os cruzados não queriam reinos no além-mar
Os cruzados não queriam reinos no além-mar

continuação do post anterior

Uma opinião comum entre os historiadores é a de que o aumento da população na Europa originou uma crise, devida ao excesso de “segundos filhos” de nobres, treinados nas artes bélicas de cavalaria, mas sem terras ou feudos onde se estabelecer.

Por esse motivo, as Cruzadas seriam uma válvula de escape, mandando esses homens belicosos para longe da Europa, onde pudessem obter terras para si à custa dos outros.

Os pesquisadores atuais, graças à ajuda de bancos de dados computadorizados, desmontaram esse mito.

Hoje sabemos que os “primeiros filhos” da Europa foram os que responderam ao apelo do Papa em 1095, e também nas Cruzadas seguintes.

Empreender uma Cruzada era uma operação extremamente cara.

Os Senhores tiveram que hipotecar suas terras para angariar os fundos necessários.

Além do mais, não estavam interessados em reinos no além-mar. Como os soldados de hoje, o Cruzado medieval orgulhava se de estar cumprindo o seu dever, mas queria voltar para casa.


Balduino I rei de Jerusalém, renunciou à sua rica Flandres
Balduino I rei de Jerusalém, deixou sua rica Flandres por penitência
Após o espetacular sucesso da Primeira Cruzada, com Jerusalém e grande parte da Palestina em seu poder, quase todos os Cruzados voltaram.

Somente um pequeno grupo ficou para consolidar e governar os territórios recém-conquistados.

Foram raras as pilhagens.

Embora de fato sonhassem com as grandes riquezas das cidades do Oriente, praticamente nenhum Cruzado conseguiu recuperar os seus gastos.

Mas não foram nem o dinheiro nem as terras o principal motivo que os levaram às Cruzadas: o que queriam era fazer penitência pelos seus pecados e merecer a própria salvação fazendo boas obras em terras distantes.



Thomas F. Madden, Professor de História
e Diretor do Centro de Estudos Medievais
e Renascentistas na Universidade
de Saint Louis, EUA


(Autor: Thomas F. Madden. Fonte: Ignatiusinsight.com)



continua no próximo post




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5 comentários:

  1. É uma ótimo post, mas não ficou bem explicado.

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  2. Como não queriam a pilhagem?É até fato mesmo que havia um sem-número de homens belicosos com treinamento de guerra sem uma guerra e as cruzadas seriam sim a sua escapatória,pode ser.E também haviam aqueles que estavam comprometidos com a cristandade e queriam protegê-la,pode ser também.Porém as pilhagens não eram raras e a primeira cruzada mostra isso quando os cruzados pilharam as cidades ao redor de Bizâncio até serem detidos pelos exércitos muçulmanos.E não foi apenas a cruzada de Pedro o eremita.A cidade Bizâncio foi muito afetada pelos cruzados que pilhavam suas relíquas que eram vendidas e reverenciadas na Europa causando inclusive uma divisão de partes do império bizantino para os nobres latinos!!

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  3. Angela da Costa Lins Pedroso23 de setembro de 2012 às 23:50

    Gostaria, se fosse possível, de ser informada sobre algo que vi em "Castelos Medievais": algumas pessoas de preto, cabeças baixas e cobertas, numa atitude de verdadeira desolação, carregando um morto. Já a vi diversas vezes, mas nunca consegui descobrir o que ela representa. Quem é o morto? É uma verdadeira obra de arte, e, como tal, tem título? Muito obrigada pela atenção; aproveito para agradecer também a remessa dos e-mails.

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    Respostas
    1. Prezada Sra.
      Provavelmente as figuras que a Sra procura são como as que aparecem neste endereço: http://gloriadaidademedia.blogspot.com.br/2008/06/ltima-despedida-o-luto-e-os-gisantes.html.

      Trata-se de figuras alegóricas chamadas de "pleurants", literalmente "que choram". Elas são meramente alegóricas, ou representam cenas de fato ocorridas outrora, normalmente no enterro.

      Há diversos conjuntos escultóricos do gênero no jazigo de grandes personagens, como reis, príncipes, ou realizadores de grandes obras.
      No nosso blog está a foto de um dos mais famosos: os "pleurants" carregam um gisante (ou estátua que apresenta o falecido deitado) de Felipe Pot, senescal e governador da Borgonha, falecido em 1493. Cada pleurant carrega um escudo de alguma grande família da Borgonha. O conjunto está no Museu do Louvre, em Paris. É tido como o arquetipo deste tipo de monumentos. Mais dados em http://fr.wikipedia.org/wiki/Philippe_Pot.

      Artisticamente são muito bem considerados, há de diversos tipos, com as figuras formando conjuntos individuais, ou encaixadas como relevos nos jazigos, ou ainda outras formas, por exemplo o de Colombo da catedral de Sevilha que é muito pomposo.

      O costume se perpetua em muitos cemitérios brasileiros, em geral sobre túmulos de famílias tradicionais, porém de modo mais simples, geralmente com figuras solitárias.
      atenciosamente,
      Luis

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    2. Angela da Costa Lins Pedroso23 de setembro de 2012 às 23:55

      Muito obrigada pela informação, senhor Luis. Realmente, as "pleurants" são impactantes. E a que impressiona mais, é justamente a de Felipe Pot, mesmo. Um abraço e parabéns pelo seu blog. É perfeito!

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