segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Carta de D. Manassés II, arcebispo de Reims, encomendando ações de graças pela conquista de Jerusalém

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Manasses, arcebispo de Reims pela graça de Deus, a seu irmão Lamberto, bispo de Arras; cumprimentos em Jesus Cristo.

Seja-nos permitido, caríssimo irmão, vos fazer conhecer uma notícia verdadeira e gaudiosa que chegou até nossos ouvidos, e que nós acreditaríamos não provir de fonte humana, mas da Divina Majestade. A saber:

Jerusalém ergue-se, com alegria e gratidão, na cimeira em que Deus quis elevá-la gloriosamente nos nossos tempos.

Jerusalém, a cidade de nossa Redenção e de nossa glória, delicia-se com inconcebíveis alegrias, porque graças ao esforço e incomparável empenho dos filhos de Deus foi liberada da mais cruel servidão dos pagãos.

Regozijemo-nos também nós, porque nossa fé cristã em tempos como estes foi estabelecida como um espelho vivo da luz eterna.



Nossa Senhora da catedral de Aquisgrão (também Aachen ou Aix-la-Chapelle)
Nossa Senhora da catedral de Aquisgrão
(também Aachen ou Aix-la-Chapelle)
Portanto, nós vos admoestamos, exortamos e instamos, não somente em atenção às cartas de Nosso Senhor o Papa Pascual, mas também das humildíssimas orações do duque Godofredo, que o exército de Cristo divinamente conduzido elevou à condição de Rei, como também das doces súplicas de Monsenhor Arnolfo, que foi unanimemente escolhido Patriarca da Sé de Jerusalém.

Nós ordenamos com o mesmo afeto que Vós tendes por cada uma de vossas paróquias, que sem falta, sejam elevadas solenes orações e ações de graças para que o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores coroe o Rei dos Cristãos com a vitória contra o inimigo, e ao Patriarca com a religião e a sabedoria contra as seitas e as artimanhas dos heréticos.

Nós ordenamos, da mesma maneira, e exortamos, por meio de vossa obediência, que ordeneis com vossa autoridade a todos os que prometeram sair na expedição e que se impuseram o signo da Cruz, a partirem para Jerusalém, se eles estão fortes de corpo e possuem meios para empreender a viagem.

Em relação aos outros, não cesseis de admoestá-los prudentemente e com o maior tato para não negligenciarem suas ajudas aos ministros de Deus, de maneira que não só o mais elevado, mas o mais inferior, possa receber o espórtula devida àqueles que trabalham a vinha do senhor.

Despeço-me…

Rezai pelo bispo de Puy, pelo bispo de Orange, por Anselmo de Ribemont, e por todos aqueles que hoje repousam em paz, coroados com um tão glorioso martírio.


(Fonte: August. C. Krey, “The First Crusade: The Accounts of Eyewitnesses and Participants”, Princeton, 1921, 264-65. Internet Medieval Source Book)


D. Manassés II (falecido em 17 de setembro de 1106) foi arcebispo de Reims (1096–1106) no tempo da primeira Cruzada.

Da nobre linhagem da casa de Châtillon, foi filho de Manassés o Calvo, vidame de Reims. Foi aluno de São Bruno e firme defensor dos direitos episcopais.

O bem-aventurado Papa Urbano II escreveu dele que “nasceu cheio de zelo”. Ele morreu rodeado pelos cônegos de Saint-Denis de Reims tendo deixado muitas cartas que refletem seu episcopado e o movimento pelas cruzadas no norte da França.



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Um comentário:

  1. Afinal, nesses tempos de "acordos" que mais são capitulações do Vaticano com a China comunista, vendo tanta devastação obrada por membros Hierarquia, aparece essa Carta de D. Manassés II (1096-1106), arcebispo de Reims, que nos falar lembrar as palavras de Nosso Senhor: seja o seu sim, sim. O seu não, não!
    O direito da Igreja Catolica de enviar missionários e ter liberdade de pregar a Boa Nova não pode ser contestado por nenhum poder terreno.
    Que volte a era gloriosa das Cruzadas para que se cumpra a promessa de Fatima: "por fim o meu Imaculado Coração triunfará!
    Seu artigo nos reconforta. Costa Marques

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