segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Balduíno IV, o rei leproso que espantava os muçulmanos

Coroação de Amaury I, rei de Jerusalém
Biblioteca Nacional da França, Mss fr 68, folio 297v

A morte do rei de Jerusalém Amaury I [pai de Balduíno IV] foi um desastre. Jamais uma desaparição teve tão graves consequências para o destino de um Estado.

Como político audacioso, Amaury optou por vias novas, com iniciativas através das quais a Cruzada seria triunfante ou ferida de morte.

Após conseguir durante um momento estabelecer o protetorado franco sobre o Egito, viu seu intento virar contra ele e o Egito cair precisamente no poder do mais temível dos chefes muçulmanos: o grande Saladino.

Mas a última palavra ainda não havia sido pronunciada e tudo podia ser consertado. Porém, o destino levou-o brutalmente no momento decisivo.

Sua morte deixara o campo livre para Saladino. Este se apresentou em 25 de novembro de 1174 diante de Damasco, entrou sem encontrar resistência e anexou a grande cidade.

Homs e Hama tiveram a mesma sorte. Com exceção de Alepo, Saladino ficou dono da Síria muçulmana e do Egito.

Virada catastrófica de situações! Na véspera, o reino franco de Jerusalém se beneficiava da divisão político-confessional entre o Cairo e a Síria, manipulando à vontade a anarquia muçulmana e apresentando-se como árbitro do Oriente.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Terror dos islâmicos, Balduino I consolida o reino

Balduino I entrando em Edessa.
Balduino I entrando em Edessa.
Luis Dufaur


O terror que os cristãos inspiravam era tão grande que os infiéis não ousavam mais enfrentar seus ataques, nem suportar lhes a presença.

Em vão o califa do Egito, ordenava aos seus emires, encerrados em Ascalon, que combatessem os francos e que trouxessem à sua presença, carregado de ferros, aquele povo mendigo e vagabundo: os guerreiros egípcios hesitavam em deixar seus abrigos e suas defesas.

Por fim, levados pelas ameaças do califa, encorajados pela multidão, tentaram uma incursão a Ramla. Balduino, avisado de sua marcha, reuniu depressa duzentos e oitenta cavaleiros e novecentos soldados de infantaria.

Logo que chegou diante do exército egípcio, dez vezes mais numeroso que o dos cristãos, disse aos soldados que eles iam combater pela glória de Cristo; se alguém tinha vontade de fugir, devia lembrar-se de que o Oriente não oferecia asilo para os vencidos e que a França estava muito longe.

O Patriarca de Jerusalém, há muito tempo em litígio com o rei, não tinha seguido o exército; o venerável abade Gerle, que trazia em seu lugar a verdadeira cruz, mostrou-a aos soldados, lembrando-lhes que deviam vencer' ou morrer.

O exército cristão contemplava num silencio morno a imensa multidão de sarracenos, etíopes, turcos, árabes, vindos do Egito. Estes, confiando em seu número, avançavam ao ruído de cornos e de tambores. Travam combate com tal fúria que as duas primeiras linhas dos cristãos são logo desfeitas.