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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
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Por que a Igreja não pode abandonar o espírito de Cruzada? Simplesmente porque não pode negar sua história e sua doutrina.
A história das Cruzadas não é um apêndice insignificante na história da Igreja.
Pelo contrário, está intimamente unida à história do Papado.
As Cruzadas não estão ligadas a um único Papa, mas a uma sucessão ininterrupta de pontífices, muitos deles santos, principalmente o Beato Urbano II que promulgou a Primeira Cruzada, São Pio V e o Beato Inocêncio XI, que promoveram “Santas Alianças” contra os turcos em Lepanto, Budapeste e Viena nos séculos XVI e XVII.
Não é desconhecido dos historiadores que, mesmo no século XX, Pio XII estudou a possibilidade de lançar uma “Cruzada” depois da revolta anti-comunista na Hungria em 1956.
Ao testemunho dos Papas, acrescenta-se o testemunho dos santos, começando com Luís IX, o Rei Cruzado por excelência, com Joana D'Arc, também a sua maneira “cruzada” e padroeira da França, “filha primogênita da Igreja”.
Opor a estas figuras o nosso São Francisco mostra, senão mala fé, pelo menos um notável desconhecimento da história.
A fonte mais confiável da viagem de Francisco é o testemunho de seu companheiro, o irmão Iluminado, que nos diz que o santo defendeu o trabalho dos cruzados e propôs a conversão ao Sultão.
E quem pode esquecer as legiões de franciscanos que se uniram ao longo dos séculos aos cruzados, liderados por São João de Capistrano (1386-1456), pregador da grande Cruzada do século XV que culminou com a libertação de Belgrado?
Ao lado do nome de São Francisco devemos colocar o de Santa Catarina de Siena, padroeira da Itália e Doutor da Igreja.
Um recente ensaio de Massimo Viglione mostrou que seu espírito era profundamente “cruzado” (“L'idea di crociata in Santa Caterina da Siena” ‒ “A idéia de Cruzada em Santa Catarina Siena”).
A ela poderíamos acrescentar outro Doutor da Igreja de sexo feminino, desta vez uma contemporânea: Santa Teresinha de Lisieux que numa página tocante em que se volta para Jesus, diz querer “percorrer a terra, pregar o teu nome, e cravar em solo infiel Tua gloriosa Cruz”, reunindo numa única vocação as de apóstolo, cruzado e mártir.
“Sinto em mim ‒ escreve ‒ a vocação de guerreiro, de sacerdote, de apóstolo, de Doutor, de mártir, em suma, eu sinto a necessidade, o desejo de realizar por Vós, Jesus, todas as obras as mais heróicas. Eu sinto em minha alma a coragem de um cruzado, de um zuavo pontifício: eu quereria morrer num campo de batalha para defender a Igreja ....”
Em 4 de agosto de 1897, no leito de morte, voltando-se para a Superiora, ela murmurou: “Oh, não, eu não teria medo de ir à guerra. Por exemplo, na época das Cruzadas, com quanta alegria eu teria partido para combater os hereges” (“História de uma Alma”, em “Obras Completas”).
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