segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Simão de Montfort, líder da cruzada contra os heréticos albigenses (II)

Simon de Montfort, batalha de Muret, Herois medievais“Levanta-te e cinge-te da espada”

O Papa, temendo o desaparecimento da Igreja naquelas paragens, incentivou Simão de Montfort a combater tenazmente os hereges:

“Eia, paladino de Cristo, o sangue dos justos clama a ti para que ponhas diante da Igreja o escudo da fé contra seus inimigos! levanta-te e cinge-te da espada”.
Acusa-se de excessos a Simão de Montfort em sua campanha, mas tem-se que levar em conta os usos bárbaros que ainda persistiam de algum modo naquele século.

Sobretudo é necessário ressaltar que a crueldade dos albigenses em seus ataques às igrejas e mosteiros, seu ódio à Religião católica e seu fanatismo religioso causavam justa indignação no ânimo de seus adversários católicos.

Ademais, aquela guerra adquirira ainda o caráter de uma guerra de civilizações,
“pelo ódio que dividia então as duas raças – os franceses do norte e os franceses do sul – tão diferentes pela sua língua, costumes e grau de civilização”.
Se não fosse o valor e a energia de Simão de Montfort, provavelmente a heresia albigense teria dominado não só o sul da França, mas teria se estabelecido na Itália e outros países europeus.



Monségur, último castelo cátaro tomado pelos Cruzados. As CruzadasEm 1213 Simão derrotou o Rei Pedro de Aragão, genro de Raimundo, na batalha de Muret.

Os albigenses foram então esmagados, mas Simão continuou a guerra como uma guerra de conquista, sendo indicado, pelo Conselho de Montpellier, senhor de todos os recém- conquistados territórios, como Conde de Toulouse e Duque de Narbonne (1215). O Papa confirmou essa indicação, entendendo que ele efetivamente completaria a supressão da heresia.

Mas não era o fim da guerra. Em 1218 Raimundo voltou da Espanha, para onde fugira. Com a ajuda de seu sobrinho Jaime I, de Aragão, formara poderoso exército, e com ele cercou Toulouse.

Simão de Montfort estava assistindo à Missa quando lhe foram dar a notícia.

Era antes da Consagração. Respondeu ele: “Não vou enquanto não tiver visto meu Salvador”.

E quando o sacerdote elevava a Hóstia, ele estendeu as mãos ao céu e exclamou: “Senhor, deixa que teu servo morra em paz, se é tua vontade”.

Logo montou a cavalo e correu para o lugar da luta, quando viu seu irmão Guido de Montfort caindo do cavalo, ferido por uma seta.

Morte de Simon de Montfort, Heróis medievaisNesse momento uma pedra, atirada por uma máquina de guerra, lhe rompeu a cabeça. Ele morreu recomendando sua alma a Deus. Foi enterrado no mosteiro de Haute-Bruyère.

À morte do intrépido comandante, os cruzados retiraram-se para um acampamento fortificado, enquanto na cidade os rebeldes, de alegria, fizeram tocar a repique os sinos de todas as igrejas.

Dos três filhos do heróico comandante, o mais velho, Amaury, herdou suas possessões francesas; e o caçula, com o mesmo nome que o pai, sucedeu-o como barão de Leicester, desempenhando um importante papel na história da Inglaterra.

Amaury, filho de Simão, estava longe de ter o valor do pai. Tanto ele quanto Raimundo VII, que também sucedera ao pai, cederam seus direitos sobre o território ao rei da França.

O Concílio de Toulouse, em 1229, confiou a vigilância religiosa do território à Inquisição. Mais tarde, em 1233, esta passou aos dominicanos.

Mas a perniciosa heresia só iria desaparecer no fim do século XIV.

Entretanto, Simão de Montfort lhe havia dado o golpe mortal.


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