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Morte de Godofredo de Bouillon. Museu de Versailles, Salle des croisades. |
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
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Godofredo foi várias vezes em auxílio de Tancredo, que estava em guerra com os emires da Galileia.
O rei de Jerusalém levou suas armas vitoriosas além do Líbano, até os muros de Damasco; ele fez ao mesmo tempo várias outras incursões na Arábia, de onde voltava sempre com um grande número de escravos, cavalos e camelos.
Sua fama estendia-se cada vez mais: comparavam-no a Judas Macabeu pelo valor, a Sansão pela força de seu braço e a Salomão pela sabedoria de seus conselhos.
Os francos que haviam ficado com ele abençoavam seu reinado e sob sua dominação paterna, eles esqueciam até sua antiga pátria; os sírios, os gregos, os muçulmanos mesmo, estavam persuadidos de que com tão bom príncipe o poder cristão, no Oriente, não podia deixar de se firmar.
Mas Deus não permitiu que Godofredo vivesse bastante para terminar o que tinha tão gloriosamente começado.
No mês de junho de 1100, ele voltava de uma expedição além do Jordão; seguia a orla marítima e se dirigia a Jaffa, quando caiu doente.
O emir de Cesareia veio ao seu encontro e apresentou-lhe frutos da estação; Godofredo só pôde aceitar uma maçã de cedro. Chegando a Jaffa não tinha mais força para ficar a cavalo.
“Quatro de seus parentes o assistiam, diz uma crônica contemporânea: uns tratavam-lhe os pés, outros aqueciam-no, outros faziam-no encostar a cabeça ao seu peito, outros choravam e lamentavam-se temendo perder esse príncipe ilustre, num exílio longínquo.”
Um grande número de peregrinos de Veneza, com seu doge e seu bispo, havia acabado de chegar ao porto de Jaffa: ofereceram sua frota para ajudar os cristãos da Palestina a conquistar algumas cidades marítimas.
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Godofredo de Bouillon, estátua em Bouillon, Bélgica.
Na mão a inscrição: Dieu le veut! (Deus o quer!) |
Nas primeiras reuniões, falaram de sitiar Caifás, construída ao pé do Carmelo.
Godofredo ocupou-se ele mesmo com os preparativos do cerco e prometeu estar lá; mas sua doença aumentava cada vez mais e ele foi obrigado a se fazer levar em liteira a Jerusalém.
Todo o povo chorava à sua passagem e corria às igrejas para pedir a Deus a sua cura. Godofredo ficou enfermo durante cinco semanas.
Embora consumido pelo sofrimento, ele admitia junto de si, a todos os que lhe queriam falar dos interesses da terra santa; soube no seu leito de dor da queda de Caifás; foi sua última vitória, sua última alegria nesta vida.
Como a doença era cada vez mais grave e não deixava esperanças, o generoso atleta de Cristo confessou seus pecados, recebeu a comunhão e revestido do escudo espiritual, (são expressões das crônicas do tempo) foi arrebatado à luz deste mundo.
Godofredo exalou seu último suspiro a 17 de julho do ano 1100, um ano depois da tomada de Jerusalém.
Alguns historiadores deram-lhe o título de rei, outros o chamaram de duque cristianíssimo.
No reino que tinha fundado, ele era frequentemente proposto como modelo aos príncipes e aos guerreiros, seu nome lembra ainda hoje as virtudes de tempos heroicos e deve viver entre os homens tanto quanto a lembrança das cruzadas.
Foi sepultado ao pé do Calvário. Seu túmulo e o de seu irmão Balduino foram durante vários séculos um dos ornamentos do santo templo.
Mas, na geração presente esse precioso monumento das guerras sagradas desapareceu pela inveja dos gregos e dos armênios.
Quando em 1830 eu pedi para ver esses dois túmulos, só me mostraram um muro espesso, de tijolos de que estavam recobertos e que os ocultavam à vista dos viajantes e dos peregrinos.
(Autor: Joseph-François Michaud, “História das Cruzadas”, vol. II, Editora das Américas, São Paulo, 1956. Tradução brasileira do Pe. Vicente Pedroso, páginas 90 ss).
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