Godofredo de Bouillon recebe os emires em sua tenda. Gustave Doré (1832 — 1883) |
Durante o mesmo cerco [de Arsur], vários emires vieram das montanhas de Naplusa e da Samaria, cumprimentar Godofredo e oferecer-lhe presentes, como figos e uvas, secos ao sol.
O rei de Jerusalém estava sentado por terra, sobre um saco de palha, sem aparato, nem guardas.
Os emires demonstraram sua surpresa e perguntaram como um tão grande príncipe, cujas armas tinham abalado o Oriente estava humildemente por terra, não tendo nem mesmo um travesseiro de seda, nem um tapete de damasco.
“A terra de onde temos nossa origem e que deve ser nossa última morada, depois da morte, respondeu Godofredo, nos não poderá servir de trono durante a vida?”
Esta resposta que parecia ter sido ditada pelo mesmo gênio dos orientais, não pôde deixar de impressionar vivamente os emires.
Cheios de admiração por tudo o que tinham visto e ouvido, deixaram Godofredo desejando sua amizade; em Samaria muito se admiraram de que ele mostrasse tanta simplicidade e sabedoria, entre os homens do Ocidente.
Ao mesmo tempo, narrava-se muitas maravilhas, sobre a força de Godofredo: haviam-no visto, com um só golpe de espada, cortar a cabeça de um dos maiores camelos.
Um emir poderoso, entre os árabes, quis julgar o fato, ele mesmo e veio pedir ao príncipe cristão, que renovasse na sua presença, o prodígio.
Godofredo assentiu ao pedido do emir, satisfez-lhe a curiosidade e com um só golpe decepou a cabeça de um camelo que lhe haviam trazido.
Como os árabes pareciam crer que havia algum encantamento na espada de Godofredo, ele tomou a espada do emir e a cabeça de um segundo camelo rolou na areia.
Godofredo de Bouillon corta a cabeça de um camelo de uma espadagada só. |
Eu vi, na Igreja do Santo Sepulcro, essa terrível espada, que, ora decepava cabeça de camelos, ora partia e fendia ao meio, gigantes sarracenos.
A história contemporânea nos faz conhecer que império exercia então sobre os povos vizinhos a única recordação das vitórias obtidas pelos soldados da cruz.
Os infiéis, tomados de espanto, diz Alberto d'Aix, nada melhor acharam para fazer do que mandar uma embaixada a Ascalon, de Cesareia e de Tolemaida, a Godofredo, para saudá-lo da parte daquelas cidades. A mensagem estava assim redigida:
“O EMIR DE ASCALON, O EMIR DE CESAREIA E O EMIR DE TOLEMAIDA AO DUQUE GODOFREDO E A TODOS OS OUTROS, SAUDAÇÃO.
Nós te suplicamos, mui glorioso duque e muito magnifico, que, por tua vontade, nossos cidadãos possam sair para seus negócios em paz e segurança. Nós te mandamos dez bons cavalos e três boas mulas, e todos os meses te ofereceremos a título de tributo, cinco mil bizantinos”.
Devemos notar aqui que nenhuma dessas cidades era mais bem fortificada e tinha mais meios de defesa que Jerusalém.
(Autor: Joseph-François Michaud, “História das Cruzadas”, vol. II, Editora das Américas, São Paulo, 1956. Tradução brasileira do Pe. Vicente Pedroso, páginas 90 ss).
GLÓRIA CASTELOS CATEDRAIS ORAÇÕES HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS
As virtudes elevadas e a nobreza de caráter dos cruzados, quanta falta faz nos nossos dias!
ResponderExcluir