Balduíno I, rei de Jerusalém. |
Luis Dufaur |
No ano de 1100, foi ao regresso da expedição [contra o emir Danisman], que ele recebeu os enviados de Jerusalém.
Estes, depois de lhe terem comunicado a morte de Godofredo, disseram-lhe que o povo cristão, o clero e os cavaleiros da cruz o tinham escolhido para reinar na cidade santa.
Balduino chorou ante a notícia da morte de seu irmão, mas consolou-se logo, ao pensamento de substitui-lo.
Cedeu o condado de Edessa ao primo Balduino de Bourg e sem perda de tempo, tomou o caminho de Jerusalém. Setecentos homens de armas, de infantaria, formavam seu pequeno exército.
A maior parte dos países que ele ia atravessar era ocupada por muçulmanos. Os emites de Damasco e de Emesa, avisados pelas notícias e talvez também por delatores, vieram esperá-los nas passagens difíceis que margeiam o mar da Fenícia.
Foulcher de Chartres, que acompanhava Balduino, descreve com singela simplicidade a situação perigosa dos cristãos nos desfiladeiros de Beirute, na embocadura do Lico; precisavam atravessar um vale estreito e profundo, dominado ao norte e ao sul por massas de rochedos; toda a praia estava coberta de muçulmanos.
“Fingíamos audácia, diz o bom capelão, e temíamos a morte; voltar atrás era difícil, avançar, mais difícil ainda; de todos os lados os inimigos nos ameaçavam: uns, do alto de seus navios, outros do alto dos montes.
“Durante esse dia nossos homens e nossos animais de carga não tiveram descanso nem tomaram alimento; quanto a mim, Foulcher, teria preferido estar em Chartres ou em Orleans, do que lá.
“Todavia, Balduino, por uma hábil manobra, atraiu os bárbaros para uma planície longa e descoberta; estes tomaram a retirada dos cristãos por uma derrota e avançaram para perseguí-los; então, a tropa de Balduino fez meia volta e caiu impetuosamente sobre a multidão que já pensava em se apoderar dos despojos.
“Os turcos, desde o primeiro choque, tomados de surpresa e de terror não tiveram nem mesmo a coragem de se defender e fugiram, uns para os rochedos escarpados, outros para os navios; muitos foram mortos, ou aprisionados; alguns pereceram nas águas e muitos também nos precipícios.
“A matança durou todo o dia; os cristãos passaram a noite no campo de batalha, onde dividiram os despojos e os prisioneiros. No dia seguinte, atravessaram os desfiladeiros, sem encontrar um só inimigo.
“Balduino, prosseguindo sua marcha, ao longo do mar, passou diante das cidades de Beirute, de Tolemaida, de Cesareia, ao terceiro dia chegou a Jaffa, onde a notícia de sua vitória o tinha precedido; foi recebido nessa cidade como sucessor de Godofredo.
Balduíno I rei de Jerusalém, sucessor de Godofredo de Bouillon.
Bibliothèque Nationale, Paris, MS Fr 2630
“Quando se aproximava de Jerusalém, o povo e o clero vieram ao seu encontro; os gregos e os sírios acorreram também, com tochas e a cruz; todos, louvavam o Senhor; em altas vozes receberam com solenidade o novo Rei e o levaram em triunfo à Igreja do Santo Sepulcro.
“Enquanto Jerusalém vivia assim horas de alegria, o patriarca, com alguns dos seus partidários, protestava contra a chegada de Balduino, e fingindo acreditar não estar em segurança perto do túmulo de Jesus Cristo, retirou-se em silencio para o monte Sião, como para procurar asilo contra seus perseguidores”.
(Autor: Joseph-François Michaud, “História das Cruzadas”, vol. II, Editora das Américas, São Paulo, 1956. Tradução brasileira do Pe. Vicente Pedroso, páginas 90 ss).
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