Santo Agostinho, bispo de Hipona na África, joga por terra as heresias. Paul Vergós (atribuído, c.1470 o 1475-1486), Museo Nacional de Arte de Cataluña, Barcelona |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Antes das invasões muçulmanas, toda a África do Norte e toda a Ásia Menor eram católicas apostólicas romanas embora arrebentaram umas tantas heresias.
Mas essas foram juguladas depois e a ortodoxia sempre prevalecia com a pregação de grandes doutores e Padres da Igreja como Santo Agostinho na África e muitos outros como São João Damasceno em Constantinopla.
Após as invasões maometanas e a destruição da Cristandade da Ásia Menor e Terra Santa, a única nação com grande densidade católica que restou foi o Líbano. No Norte de África, a religião católica desapareceu completamente.
Pela África, os muçulmanos invadiram a Espanha e Portugal, chegando até a França, onde foram derrotados por Carlos Martel na batalha de Poitiers. Foi ali que o impulso mafamético se deteve.
A Reconquista espanhola levou 800 anos. Oito séculos de luta entre católicos e árabes.
Em face da invasão dos maometanos havia católicos de duas correntes diversas.
Uma era dos que queriam fazer cruzada no território espanhol e português para pôr fora os árabes. A figura histórica de maior realce desta linha foi São Fernando, rei de Castela.
A outra corrente era a dos católicos do estilo da democracia cristã, chamados moçárabes.
Eles faziam uma política de mão estendida aos mouros. Eles lhes ficavam sujeitos numa situação onde embora humilhados podiam continuar a comer, beber e dormir.
Essa divisão entre os católicos retardou muito a expulsão dos mouros.
Afinal de contas, com o apoio da Santa Sé, a pregação das cruzadas, as indulgências, as Ordens religiosas constituídas para combater os maometanos, o poder islâmico deixou de representar um perigo para o Ocidente.
Pelo contrário, a Cristandade tomou a ofensiva junto ao Oriente, apresentando uma civilização que tinha se desenvolvido muito.
Enquanto que o atraso da civilização maometana era humilhante.
Foi um período de contra-ataque do Ocidente todo feito pelo prestígio da riqueza, da técnica e da civilização esplendorosa que foi-se erguendo até ao século XIX, e no XX principiou a decair.
Porta-estandartes do Califa de Bagdá: o belicismo invasor maometano |
O século XIX salientou-se pela Historiografia, ou seja a arte de escrever história. Os historiógrafos e historiadores foram no encalço dos comerciantes e dos generais do Ocidente.
Esses historiadores estudaram as línguas e dialetos árabes de vários países, e meteram-se a pesquisar os arquivos ismaelitas, para saber como eles contavam as Cruzadas.
Notaram, pois, que os maometanos tinham muito ressentimento dos cruzados, porque estes entravam em suas regiões e por toda a parte faziam-nos sofrer; matavam-nos na guerra, diminuíam seu poder religioso, impunham liberdade para religião católica.
Esses historiadores ateus ou protestantes, portanto inimigos da Igreja Católica, chegavam quase sempre à conclusão de que as Cruzadas constituíram um grande erro para a religião católica.
Se os cruzados tivessem ido ao Oriente animados de métodos amáveis e processos simpáticos teriam conquistado os maometanos para a fé católica.
Assim, seria preciso que, doravante, nunca mais entrassem em luta contra os árabes. Deviam procurar por meio do sorriso fazer a reparação do erro medonho, que foi o de armar as Cruzadas.
Quem pensa assim é a favor da política da mão estendida em relação ao comunismo hodierno, porque pensa que o homem é visceralmente bom.
Quando ele se extravia ele diz que é porque da parte dos bons houve uma inabilidade.
Se os bons fossem sempre hábeis, sempre conquistariam pelo sorriso e pelas concessões os adversários.
Assim, nunca haveria perseguição religiosa. De sorriso em sorriso, a Igreja Católica conquistaria os homens.
Massacre dos peregrinos de Pedro o Ermitão: só o combate organizado da Cruzada podia vencer |
Se sempre que os maus se erguem contra os bons e os perseguem, a culpa está dos lados dos bons, então Nosso Senhor Jesus Cristo teve culpa de ser perseguido e até crucificado.
Ele também não soube aplicar a tática do sorriso. Se tivesse sabido aplicá-la, teria aproveitado o momento de popularidade do Domingo de Ramos, e levado aquele povo todo a uma grande reconciliação e nunca teria acontecido o que aconteceu depois.
Como Ele foi muito intransigente nos seus princípios daí Lhe adveio toda a impopularidade e toda a tragédia.
Ceder, sorrir, não ter princípios e pagar qualquer preço doutrinário ou ideológico para evitar a guerra, colocar a morte física como mal supremo e o pecado como nenhum mal, eis a mentalidade hoje deu no progressismo, na politique de la main tendue, no maritainismo e em quantas aberrações há por aí.
E hoje deu na posição da esquerda católica face aos islâmicos, que é a seguinte: nunca briguem com eles; não discutam religião e não os ataquem: sejam muito amáveis e façam o que eles quiserem. Eles, assim, se converterão.
O problema é não dar aos seguidores do Corão a impressão de que os católicos poderão algum dia vir a combatê-los.
Este seria o grande erro, que é preciso nunca incorrer, segundo a esquerda católica.
Continua no próximo post: Nossa Senhora alma do espírito da Cruzada
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