Batalha de Viena: o Beato foi o líder espiritual da coalizão católica contra os turcos |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O cerco de Viena e a atuação política do admirável capuchinho
Na noite do dia 7 de julho, o Imperador foi obrigado a abandonar a cidade, para congregar as tropas aliadas mais a oeste. No dia 17, os turcos fecharam o cerco em torno da capital.
Setenta mil pessoas permaneciam em Viena, entre as quais 10 mil soldados. A defesa foi organizada com a ajuda das Corporações de Ofício e dos estudantes.
O famoso historiador von Pastor observa que “assim começava o mais preocupante de todos os cercos da História”. Se Viena fosse conquistada, toda a Europa ficaria ameaçada de cair sob o domínio muçulmano.
Mediante freqüentes cartas, o Imperador ia colocando o Padre Marco a par dos acontecimentos. De todos os lados recebia o frade apelos para que viesse ao teatro da batalha.
O Conde Felipe Guilherme, do Palatinado, escreveu-lhe: “Vossa vinda é absolutamente indispensável. Sem vossa presença estamos perdidos”. No início de setembro, chegou o Santo capuchinho à cidade de Linz.
Armas capturadas aos turcos |
No dia 4 de setembro, tendo chegado os reforços prometidos, manifestaram-se desacordos e rivalidades entre os chefes dos diversos exércitos.
O frade participou do conselho de guerra realizado na cidade de Tulln, como Legado papal, e conseguiu um acordo de todos para que cada Príncipe comandasse seu exército, mas sob a liderança do mais altamente colocado entre eles, o Rei João Sobieski, da Polônia.
Preparação espiritual: condição da vitória militar
No dia 8 de setembro, festa da Natividade de Nossa Senhora, celebrou o Padre Marco Missa nos campos de Tulln e concitou todos ao arrependimento de suas faltas e a terem grande confiança em Jesus e Maria.
O Rei João Sobieski escreveu à sua esposa no dia seguinte:
“Passamos o dia de ontem em oração. O Padre Marco d’Avino deu-nos a sua bênção. Ele proferiu um extraordinário sermão de exortação.
Perguntou-nos se tínhamos confiança em Deus e, à nossa resposta unânime fez-nos repetir diversas vezes o brado ‘Jesus Maria, Jesus Maria’.
Ele é verdadeiramente um homem de Deus e não é nem inculto nem carola”.
O frade foi depois de unidade em unidade transmitindo confiança.
No dia 11 os Exércitos católicos conquistaram a colina de Kahlenberg, pouco defendida. Grave erro tático dos turcos, pois dela se tem boa visão de todo o campo onde a batalha decisiva iria se desenrolar.
Atuação decisiva para a vitória
No dia 12 pela manhã, o santo capuchinho celebrou Missa e distribuiu a Santa Comunhão para os generais. Proferiu também um curto mas eloqüente sermão, tendo oferecido sua vida se necessário fosse.
Durante muito tempo, a batalha permaneceu indecisa. O Padre Marco ia com seu Crucifixo na mão aos lugares onde o perigo era maior, exortando todos a lutar com confiança e coragem.
Até que uma corajosa intervenção do Duque Carlos de Lorena conseguiu enfraquecer a ala direita do exército turco, o que permitiu à cavalaria polonesa acabar por infligir-lhe uma grave derrota, colocando todo o exército inimigo em fuga desordenada.
Ttúmulo do Beato, igreja dos capuchinos, Viena |
Mas os esforços do Padre Marco não cessariam então. Ele insistia em que os Bálcãs fossem completamente libertados do domínio turco.
Radicalidade combativa pela Cristandade
Em Viena, a comemoração da vitória consistiu numa grande decepção para o santo capuchinho, pois os vienenses só pensavam em compensar com grandes festas as privações passadas.
Os militares planejavam atacar a França para castigar Luiz XIV por suas traições, enquanto o capuchinho dizia:
“Sendo a França uma nação católica, devemos nos defender somente na medida do estritamente necessário. Todas as nossas energias devem se voltar contra o poderio turco, este é o nosso verdadeiro inimigo”.
O Papa Inocêncio XI propunha uma aliança entra a França, Veneza e o Sacro Império, a fim de libertar todos os cristãos dos Bálcãs e da Hungria.
Video: A batalha de Viena
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(Autor: Carlos Eduardo Schaffer, Catolicismo, abril 2000)
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