O Beato Papa Inocêncio XI foi o inspirador e o vencedor da reconquista de Buda. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
“Foi o Santo Padre quem conquistou Buda, como libertou Viena. Há séculos não havia sentado outro Papa semelhante na Cátedra de Pedro”, afirmou Jaime II, Rei da Inglaterra, ao saudar o Núncio Apostólico após a reconquista de Buda, que será narrara a seguir.
Uns após os outros, castelos, fortalezas e cidades iam sendo retomados pelos austríacos das mãos dos muçulmanos.
Após tantas derrotas, Américo Thököly, que liderara a traição dos húngaros, foi preso por seus aliados muçulmanos e seria executado, se Solimão, “o trapaceiro”, não tivesse derrubado e substituído o grão-vizir, o Negro Ibrahim.
O novo comandante deu liberdade a Thököly e enviou-o com novos destacamentos à Hungria.
Em outro anterior, Santa Liga e Reconquista, foram descritas as batalhas travadas pelo Império Austríaco, Polônia e Veneza, membros da Santa Liga, de 1683 a 1685, visando reconquistar os territórios católicos dominados pelos turcos.
Neste artigo, enfocaremos a gloriosa batalha que libertou Buda, antiga capital da Hungria.
A Rússia entra para a Santa Liga
O Papa Inocêncio XI desejava ardentemente a libertação de tantas nações cristãs oprimidas pelos muçulmanos.
No ano anterior, os poloneses alcançaram pouco sucesso em sua luta contra os turcos.
Para favorecer as batalhas travadas em 1686, o Sumo Pontífice enviou 200 mil florins ao rei da Polônia, 100 mil oferecidos por Cardeais e 100 mil por damas romanas.
O rei da Polônia, João Sobieski, havia planejado grandes lances por parte da Santa Liga. Então, não só os turcos como também os tártaros deveriam ser rechaçados da Europa.
Essa iniciativa ficaria a cargo da Rússia, caso esta aceitasse ingressar na Santa Liga. Visando à reconquista de Constantinopla, a Áustria deveria avançar a partir da Hungria, enquanto os venezianos viriam pelo sul da Grécia e os poloneses pelo rio Danúbio.
Era desejo de toda a Cristandade obter a destruição do império sob Maomé IV, formado por Maomé II.
Em 26 de abril de 1686, a princesa Sofia Romanov, regente do Império russo, confirmou a aliança contra os turcos.
Os russos deveriam atacar os turcos e os tártaros, desde o Cáucaso até o rio Dniester. Ficaria assim seriamente ameaçada a existência do Império Otomano.
Renasce o glorioso espírito de Cruzada
Sob o comando do duque Carlos de Lorena, na primavera de 1686 o exército imperial congregou-se na cidade de Komarno.
Eugênio de Saboia, monumento em Viena. |
Incentivados pela vitória obtida em Viena e pela valentia dos que estavam na luta, alistaram-se também mais de sete mil voluntários provenientes de todos os países da Europa.
O espírito das Cruzadas parecia ter retornado a empolgar a Cristandade. Personagens distintas e pessoas humildes chegavam decididas a morrer pela Cruz de Cristo.
Os acontecimentos do cerco de Buda eram seguidos com grande expectativa em todo o continente europeu. Em julho, ainda chegaram mais regimentos vindos da Suécia.
Vários espanhóis eminentes destacaram-se na luta em torno de Buda. Só em Barcelona, 60 artesãos fizeram votos de combater os turcos; todos eles, durante o cerco, entregaram suas almas a Deus.
Grande incentivo para eles foi a figura do príncipe Eugênio de Saboia, que, após a campanha de 1685, foi a Madri, sendo aí tratado pelo monarca hispânico como Grande de primeira classe.
Nessa ocasião, Eugênio se apressou para tomar parte nessa grande expedição. Na corte de Viena, depositavam-se nele as maiores esperanças.
O marquês Luís de Baden-Baden o havia recomendado ao imperador austríaco: “Esse jovem saboiano igualar-se-á um dia a todos aqueles que o mundo considera hoje como grandes generais”.
Por desejo do Imperador, o Papa enviou o frei Marco D’Aviano ao exército cristão. O intrépido capuchinho, depois beatificado, teve por encargo ser mediador entre os chefes e entusiasmar os soldados.
Continua no próximo post: O milagre de “Nossa Senhora da Pólvora” e a reconquista da capital da Hungria
(Autor: Ivan Rafael de Oliveira, CATOLICISMO, outubro de 2016)
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