Batalha de Belgrado. São João de Capistrano incentivando os combatentes católicos. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Há 560 anos uma cruzada culminou com o triunfo da Cruz sobre a meia-lua muçulmana: a vitória de Belgrado. Considerada um dos maiores triunfos da Cristandade, pois conseguiu impedir que o exército otomano invadisse a Europa.
Em 1454 organizou-se a expedição católica contra a invasão dos turcos muçulmanos. Estes, tendo tomado Constantinopla (capital do Império Bizantino) em 1453, almejavam subjugar a Europa cristã a partir da tomada de Belgrado.
Seria esta a porta de entrada para os muçulmanos, que planejavam avassaladora marcha de conquista de outras nações católicas até dominarem Roma, onde — diziam eles — substituiriam as cruzes pela meia-lua islâmica e entrariam com seus cavalos nas igrejas da Cidade Eterna.
Naquela época a Providência suscitou um grande santo e estadista, São João de Capistrano, O.F.M. (1386 – 1456), cognominado O Guerreiro Franciscano de Belgrado. Ele pregou uma cruzada contra os terríveis inimigos da Civilização Cristã e conclamou a formação de um exército católico.
"Minha Vida Pública": uma fonte de informação exclusiva para compreender a história da RCR no Brasil e no mundo. 828 páginas inéditas disponível na Livraria Petrus |
Este contava com forças que atingiam o impressionante número de 400.000 soldados, e já sitiava Belgrado por terra e mar.
Nesse desproporcional entrechoque, São João de Capistrano chefiou pessoalmente uma ala dos cruzados, tão inferiores em número, nos momentos mais árduos da batalha, e os conduziu à vitória, rechaçando os turcos muçulmanos do continente europeu em julho de 1456.
Plinio Corrêa de Oliveira comenta esse glorioso feito da Cristandade em artigo para o nº 15 de Catolicismo, (março/1952). Dele reproduzimos abaixo alguns trechos, mas o texto integral encontra-se disponível no link indicado no final.
Antes, porém, merece ser ressaltado que o Prof. Plínio, já no início da década de 50, falava em choque de civilizações.
Portanto, muito antes do lançamento do tão propalado livro O Choque de Civilizações, o best seller de Samuel Huntington, que veio a lume em 1994.
Com os recentes atentados perpetrados pelo terrorismo islâmico, estamos assistindo a esse mesmo “choque”, denunciado pelo autor do artigo há 64 anos, mas silenciado e escamoteado dos mais diversos modos, especialmente por altos prelados do progressismo católico — paradoxalmente reverenciados como “grandes pacifistas” pela mídia laica e esquerdista…
SÃO JOÃO DE CAPISTRANO
São João de Capistrano pisa no Corão e cabeças de mouros. Missão San Juan de Capistrano, Califórnia |
A seu tempo, consumou-se a queda do Império Romano do Oriente, tendo sido conquistada a cidade de Constantinopla em 1453, por Maomé II.
O islamismo representava naquele tempo, para a Cristandade, perigo semelhante ao do comunismo em nossos dias. Inimigo da Fé, visava exterminá-la da face da Terra.
A seu serviço, tinha as riquezas, as armas, o poderio de um dos mais vastos impérios da História, qual era àquele tempo o dos turcos.
A luta entre os muçulmanos vindos do Oriente, e os cristãos do Ocidente, não era apenas um choque entre dois povos, mas entre duas civilizações; mais do que isto, entre duas religiões.
Com a queda de Constantinopla, abriam-se para os turcos os caminhos da Europa ocidental. Maomé II não se deteve após a brilhantíssima vitória que alcançou em Constantinopla. Prosseguiu pelos Bálcãs adentro, visando atingir a Cristandade na Europa central.
Ora, os europeus daquela época — parecidos nisto com os homens de nossos dias — preferiam não ver de frente os perigos, não tomar atitude, não lutar.
Sensuais, dissolutos, com um fervor religioso muito decadente — preparavam-se já a Renascença e o protestantismo —, pouco se lhes dava do dia de amanhã, e menos ainda a eternidade. Queriam gozar somente o momento presente.
Diplomata
Como galvanizar contra o formidável poderio do Islã as forças dessa Cristandade decadente?
Tratava-se de agir sobre príncipes e reis, sobre cardeais, bispos e clérigos, sobre fidalgos e sobre letrados, enfim sobre toda a massa da população, despertando as consciências para um perigo real e aplainando as vias para uma geral colaboração no interesse da Igreja e da Civilização Cristã ameaçadas. Assim, tornar-se-ia por fim possível lançar contra Maomé II uma cruzada.
Para esse trabalho titânico, o Papa Calixto III e o Imperador lançaram os olhos sobre São João de Capistrano, que já exercera com brilho as funções de Núncio Apostólico, a pedido do próprio Imperador.
São João de Capistrano arenga os combatentes católicos. Giovanni di Bartolomeo d'Aquila |
Participou ele assim em 1454 da Dieta [Assembleia] de Frankfurt, em que o Sacro Império Romano Alemão tomou a Cruz para repelir os turcos.
Sua ação diplomática foi decisiva para obter a coligação dos príncipes cristãos, divididos entre si por questões temporais de toda ordem.
Guerreiro
O comando da expedição foi confiado a um nobre húngaro que se tornara ilustre em lutas anteriores, e que mais tarde adquiriu imortalidade na luta conta os turcos. Hunyadi, auxiliado por São João de Capistrano, caminhou com as tropas cristãs em direção aos infiéis.
O encontro decisivo deu-se na altura de Belgrado. Faltando a Hunyadi quem capitaneasse a ala esquerda de seu exército, disto se encarregou São João de Capistrano, que se houve com raro acerto e vigor.
Quando terminou a batalha, jaziam no campo mais de cem mil guerreiros muçulmanos, e Maomé II estava em fuga. A Igreja conquistara admirável triunfo, a investida turca estava rechaçada.
Humanamente falando, que homem foi em seu século maior do que São João de Capistrano?
Santo, orador, estadista, diplomata, Geral de uma Ordem Religiosa importantíssima, e por fim guerreiro, foi exímio em tudo.
E o segredo de sua grandeza está precisamente na santidade, no auxílio da graça que lhe permitiu vencer os defeitos da sua natureza e aproveitar admiravelmente todos os dons sobrenaturais e naturais que Deus lhe dera.
Pode haver algo mais diferente do ‘carola’?
Não é bem verdade que muita gente teria mais desejo de ser ardentemente católica se compreendesse que a Igreja não forma ‘carolas’, mas homens no esplendor da natureza elevada e dignificada pela graça?
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, Revista Catolicismo, Nº 15, março/1952)
GLÓRIA CASTELOS CATEDRAIS ORAÇÕES HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Com eete exemplo de um santo cai por terra a ideia de que toda guerra é do diabo e que não há guerra santa ou justa anunciada recetemente em certo encontro ecumenico.,. DEve-se descaonizar são João de Caspistrano em nome do pacifismo eclesiastico atual?
ResponderExcluirProf. Francisco