O Beato Papa Inocêncio XI convocou os príncipes cristãos contra o invasor islâmico |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
continuação do blog anterior: Assalto do Islã: a grande batalha pelo coração da Cristandade
A Santa Liga
O Papa Inocêncio XI, da família lombarda Odescalchi, governou a Igreja de 1676 a 1689. Restabeleceu com grande zelo a disciplina eclesiástica, suprimiu abusos e cuidou dos pobres com magnanimidade.
Era reverenciado pelo povo como um santo. Sentindo ele toda a magnitude do perigo turco, fez todo o possível para auxiliar a aflita Áustria.
“Conjuro-te pela misericórdia de Deus — escreveu ele a Luis XIV— que acudas em auxílio da oprimida Cristandade, para que não caia no jugo de horrível tirano”.
Mais eficaz foi a intercessão do Papa junto a João Sobieski, rei da Polônia. Eleito em 1674, após praticar grandes atos de heroísmo na luta contra a invasão turca, também ele mantinha suas rixas com a Áustria.
E a tentação de tirar proveito da situação se lhe oferecia espontaneamente, pois Maomé IV pretendia conseguir sua amizade e Luis XIV lhe fazia propostas de aliança.
Porém, entre todas as incitações e lisonjas, João Sobieski previu que os canhões que destruíssem os muros de Viena chegariam mais tarde a Varsóvia. E, portanto, a Polônia deveria lutar por sua própria salvação diante de Viena.
As exortações do Papa em prol da defesa da Cristandade venceram nele as últimas dificuldades e revigoraram seu espírito de cavaleiro cristão.
No dia 16 de agosto de 1683, tendo o Papa como protetor e fiador do tratado, pactuou-se uma aliança defensiva e ofensiva: a Santa Liga.
Tenda turca capturada após o cerco de Viena |
Avanço dos turcos até Viena
Tendo a traição de Thököly sido mantida em segredo, pensava-se em Viena que o vizir avançaria primeiro contra as fortalezas da Hungria, dando tempo suficiente para os austríacos se armarem e prepararem suas muralhas, que não estavam em bom estado.
Sob o comando do duque Carlos V de Lorena e aproximadamente 33 mil homens, o exército austríaco se reuniu numa cidade anterior a Viena, com o intuito de atrasar o avanço turco.
O grão-vizir, deixando de lado as fortalezas intermediárias, dirigiu-se diretamente para Viena com todo o seu exército. E apenas quando os turcos se aproximaram do duque Carlos V de Lorena, Thököly revelou sua aliança com o sultão.
Como consequência, os húngaros desertaram em massa do exército austríaco. Não podendo sustentar a batalha, Carlos V retirou-se então com sua cavalaria para a capital.
Chegando às proximidades de Viena, os muçulmanos devastavam tudo com incêndios, assassinatos e violências.
Os austríacos viram suas cidades serem vítimas de todos os horrores de uma batalha com bárbaros. Angustiados, viam subir colunas de fumaça de aldeias e castelos incendiados. Os fugitivos relatavam que milhares eram arrastados à escravidão e outros assassinados sem misericórdia.
O príncipe Ernst Rüdiger von Starhemberg, comandou as forças austríacas na defesa de Viena |
Então, as portas se abriram e uma donzela com uma coroa na cabeça e uma bandeira nas mãos seguiu diante de uma comitiva que levava em três bandejas a soma combinada.
Porém, quando os 3.800 cidadãos já estavam fora das muralhas, foram todos mortos a fio de espada, com menosprezo dos turcos pela palavra empenhada.
Em Viena o terror foi indizível e todos que puderam, fugiram. Em dois dias saíram quase 60 mil pessoas. Do campo, ao contrário, muitas pessoas se refugiaram na cidade.
Na noite de 7 de julho, depois de excitar os cidadãos a se defenderem valorosamente e prometer que logo que possível forçaria os turcos a levantar o cerco, o imperador, não podendo se expor ao risco de cair prisioneiro em caso de derrota, retirou-se da cidade com a corte à luz de tochas.
Já no dia seguinte, 8 de julho, Carlos de Lorena entrou de volta em Viena com 10 mil cavaleiros.
Em 14 de julho, a capital estava cercada por todos os lados. Em torno dela se estendia um bosque de 25 mil tendas de campanha em forma de meia lua.
Pelo luxo, distinguia-se especialmente a tenda do grão-vizir, com muitas salas e aposentos, verdes por fora e coruscantes de ouro e prata por dentro.
Como a sorte da Europa dependia da defesa de Viena, a Cristandade seguia com atenta expectativa esses acontecimentos. Infelizmente a cidade estava mal fortificada para suportar um cerco prolongado e o exército polonês ainda levaria um mês para sair de Cracóvia.
A defesa do Império católico
Notas:
1. Batalha de Poitiers: Vide Catolicismo, agosto/2011
(*) Principal fonte consultada: Historia Universal, Juan Baptiste Weiss, Editora Tipografia La Educación, Tradução da 5° edição alemã, Barcelona, 1930, Vol. XI, p. 869 a 891.
continua no próximo post: Batalha de Viena: a investida das trevas islâmicas
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