Jocelin de Courtenay, ou Josselin II de Courtenay |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Jocelin de Courtenay, ou Josselin II de Courtenay nasceu entre 1070 e 1075, foi para Terra Santa em 1101, onde morreu em 1131. Ele foi príncipe de Galileia e Tiberiades de 1113 a 1119 e conde de Edessa de 1119 a 1131.
Do livro Les Templiers, de Georges Bordonove o professor Plinio Corrêa de Oliveira tirou a ficha seguinte e teceu comentários sobre ela.
“Jocelin de Courtenay foi senhor do Condado de Edessa, no limite norte do reinado latino de Jerusalém. Era neto dos Cruzados que conquistaram a Cidade Santa.
“Ao norte, o Condado de Edessa, havia sido invadido por um lugar-tenente de Reng, principal guerreiro muçulmano da época, perdendo seu velho senhor Jocelin de Courtenay”.
“Esmagado pelo desabamento de uma torre que fora minada, Jocelin foi retirado dos escombros todo desfeito. Em seguida os infiéis se precipitaram para cercar Faizum, residência do Patriarca de Edessa.
“Quase morrendo, Jocelin se fez carregar para socorrer a fortaleza. E tal era o seu prestígio que, mesmo carregado numa liteira, ele amedrontou os turcos a ponto de fugirem diante de sua presença.
“Vencedor sem combate, Jocelin rendeu graças a Deus, nestes termos dignos de uma canção de gesta:
‘Beau Sir Dieu – Belo Senhor Deus –, eu vos glorifico e agradeço como posso, por me terdes honrado tanto no século, principalmente agora, ao encerrar a minha vida.
‘Vós me sois tão misericordioso e magnânimo, que quisestes que de mim semi-morto e impotente, reduzido a uma carcaça que nem a si mesmo pode ajudar, os inimigos tivessem um tal pavor que não ousaram esperar no campo de batalha e fugiram todos por causa de minha chegada.
‘Beau Sir Dieu, eu bem sei que tudo isso prova a Vossa bondade e Vossa cortesia’.
“E tendo dito essas coisas, de todo coração recomendou-se a Deus e em seguida sua alma o deixou”.
Confrontando a posição desse homem e a mentalidade moderna nós compreenderemos tudo quanto de épico e de reluzente existe em seu espírito.
Josselin gravemente ferido conduz suas tropas em socorro de Faizum. Iluminura do século XIII. |
A cidade da qual ele era senhor feudal foi invadida. Ele perdeu, portanto, esse ponto de apoio, essa fortuna, esse fator de prestígio.
Guerreiro, ele foi esmagado pelo desabamento de uma torre e foi reduzido a uma carcaça.
Ele poderia, segundo os padrões modernos, ter uma queixa de Deus. Porque ele poderia achar normal que Deus o premiasse na Terra.
E achar – aqui está o ponto sensível do problema – que o prêmio consistiria em ele viver na cidade dele, como senhor feudal, feliz, rico, tranquilo, sem guerras nem aborrecimentos, sem heroísmo nem provações, gozando a vida largamente, fazendo viagens, anexando outras terras por algum casamento lucrativo, fazendo negócios,. Enfim, levando uma vida burguesa.
Esse homem, pelo contrário, perde todas as coisas que representavam o regalo da vida burguesa ou da vida aristocrática com sabor burguês.
Ele é reduzido por um acidente glorioso ao longo de uma luta a uma carcaça, como ele diz.
Ele poderia ficar queixoso em relação a Deus. Entretanto, o que é que se dá?
Ação de graças do guerreiro que sente sua vida realizada
Ele era um grande guerreiro e um grande general. Pela sua fama os adversários várias vezes tinham fugido dele no campo de batalha.
Na última vez, sabem que ele é levado para o campo de batalha. E embora saibam que ele vai numa liteira e que ele não pode se mover, têm medo do ímpeto que ele comunica aos soldados, têm medo do talento guerreiro dele e, por causa disso, fogem.
Ele se considera realizado bem ao contrário do ideal burguês do homem de nosso século.
Mapa do Condado de Edessa, 1098-1131 |
“Simplesmente sabendo que esta pobre carcaça, que já não pode andar por si, esta pobre carcaça está no campo de batalha, os inimigos fogem!
“Meu Deus, como Vós fostes bom para mim! A minha vida atingiu seu objetivo: eu Vos servi como um herói. E a prova disso é que os Vossos inimigos têm medo de mim.
“Eu Vos agradeço, ó meu Deus, a Vossa bondade”.
E depois essa expressão deliciosa: “Eu Vos agradeço a Vossa cortesia!”
É delicioso esse conceito de Deus cortês, elegante, distinto para com sua criatura.
Tendo dito isso, ele assume a atitude do Nunc dimitis do velho Simeão:
“Agora chamai em paz o Vosso servo, porque a minha alma viu o meu Salvador”.
A alma não viu o Salvador, a alma viu a realização da vida que ele tinha querido ter na terra. Ele morreu, e sua alma foi para o Céu.
continua no próximo post: Jocelin de Courtenay e os dois conceitos da felicidade
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 16/9/72, sem revisão do Autor)
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Muito curioso esse blog. Curioso é a palavra.
ResponderExcluirParece que há implícita(ou talvez explícita) nessas palavras certa saudade dos tempos do feudalismo, da inquisição, da Terra plana e da compra de indulgências... Eu realmente não entendo como alguém HOJE pode construir teses tão falaciosas a respeito das cruzadas e seus "protagonistas" quanto as que o senhor Dufaur cunhou aqui. Bom, de qualquer forma esse é um país livre, a liberdade de expressão está prevista na constituição. Além disso, não deixo de me divertir com peças raras como estas!
Talvez o sr. Vilela deveria tentar se desprender da ideologia que toma conta de tudo hoje em dia, e começar a abrir alguns livros recomendados pelo sr. Dufaur.
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