terça-feira, 13 de agosto de 2024

A batalha de Lepanto: um Harmagedon naval
entre a Cruz e o Crescente

São Pio V vê miraculosamente
a vitória de Nossa Senhora em Lepanto
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




No ano de 1566 subia ao trono pontifício o Cardeal Antonio Ghislieri.

O novo Papa, de família nobre, entrara ainda jovem na Ordem dominicana, onde aprendeu a prática da virtude e da austeridade que deveria transmitir no governo da Igreja.

Ele assumia aos 62 anos o nome que passaria a ser conhecido como um dos maiores Papas de todos os tempos: São Pio V.

São Pio V — grande comandante das forças católicas

Mas o revide de Deus já estava pronto para entrar em cena. São Pio V assumiu com galhardia o supremo comando da Igreja e, à maneira de um bom general, trouxe a vitória da Cruz sobre todos seus inimigos.

Ele auxiliou os católicos perseguidos pelos príncipes alemães protestantes. Incentivou a Liga Católica contra os huguenotes na França. Apoiou a Espanha contra as revoltas protestantes nos Países Baixos. Excomungou a herética rainha Elizabete I da Inglaterra.

Internamente na Igreja, combateu com vigor o relaxamento moral do clero e incrementou a observância da disciplina eclesiástica do Concílio de Trento. Seu próprio exemplo pessoal foi poderoso antídoto contra os escândalos de certos clérigos.

Mas o foco deste artigo é a enérgica atitude de São Pio V diante do perigo muçulmano.

Desde o tempo das Cruzadas, os Romanos Pontífices recorriam à legítima força das armas quando os outros meios haviam se mostrado ineficazes.

A legitimidade da guerra, em certas circunstâncias, é ponto pacífico na doutrina católica. Em face do inimigo muçulmano não havia possibilidade de diálogo, diplomacia, nem concessões.

A única solução possível mostrou ser a força. E esse foi o recurso utilizado por São Pio V, com a autoridade conferida aos Papas pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.

O oponente que o santo Pontífice tinha diante de si era terrível: a frota turca, equipada com centenas de navios de guerra e milhares de guerreiros bem treinados, uma força inconteste nas águas do Mediterrâneo.

Dom João d'Áustria, Pantoja de la Cruz (1553 – 1608), Museo del Prado, Madri.
Dom João d'Áustria, Pantoja de la Cruz (1553 – 1608),
Museo del Prado, Madri.
Para enfrentá-los, só uma força à altura. Todavia, isoladamente nenhuma nação católica possuía tal poder. Era preciso estabelecer um acordo entre príncipes cristãos. Surgia na mente do Papa a ideia da Santa Liga.

As negociações entre Espanha, Veneza e outras cidades italianas se iniciaram, tendo como árbitro o Romano Pontífice. Muitos interesses estavam em jogo, o que retardava a concórdia, fazendo sofrer imensamente o Papa.

D. João d’Áustria — guerreiro enviado pela Providência

Em 1570, os turcos atacaram Chipre. A partir de então, o Pontífice não descansou até resolver todos os meandros diplomáticos para concluir o pacto das forças católicas. Os Estados Pontifícios se somariam a essas forças com seus próprios navios e soldados.

O comando geral da Santa Liga foi dado a D. João d’Áustria, filho do Imperador alemão Carlos V e meio-irmão de Felipe II, rei da Espanha. A escolha era ideal.

O jovem príncipe, de apenas 24 anos, fogoso e ávido de combates pela boa causa, deveria catalisar todos os esforços para o objetivo central: a destruição da armada turca.

A respeito desse eleito comandante da esquadra católica, São Pio V citou a Escritura: “Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João” (Jo 1,6). Assim, o Papa dava sua chancela de que a escolha de D. João d’Áustria vinha do Céu.

Durante os vaivéns diplomáticos, Chipre sofria com a invasão turca. Nicósia, importante cidade de Chipre, caiu depois de 48 dias de cerco.

Famagusta, capital da ilha, resistiu durante meses, mas afinal, vendo que não havia possibilidade de vitória, e diante das notícias do atraso na formação da Santa Liga, o prefeito, Antonio Bragadino, combinou a rendição da praça com os turcos.

Estes concordaram em deixar os cristãos partirem em liberdade. Mas, diante das portas abertas da cidade, os muçulmanos traíram a palavra dada, atacaram e prenderam Bragadino.

Este foi esfolado vivo, enquanto toda a população era assassinada, inclusive mulheres e crianças. As atrocidades cometidas contra os católicos foram horríveis e indescritíveis.

(Autor: Paulo Henrique Américo de Araújo, CATOLICISMO, janeiro 2015)

continua no próximo post: Lepanto: a maior batalha naval da História





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2 comentários:

  1. Os fatos históricos aqui narrados foram utilizados por Emílio Salgari, romancista italiano, para compor uma de suas obras. O romance é composto de 4 tomos: "O Capitão Tormenta", "O Leão de Damasco", "O Filho do Leão de Damasco" e "A Vitória de Lepanto". Como fazia em todos os seus livros, Salgari utiliza figuras históricas reais entre seus personagens. A estória começa no cerco de Famagosta, e termina exatamente na Batalha de Lepanto. Um guerreiro muçulmano, exatamente o filho do Pachá de Damasco, se apaixona por uma combatente cristã, uma italiana que, disfarçada de homem, combate contra os muçulmanos em Famagosta. Este amor o leva a renegar o islamismo.

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  2. Lisindo Roberto, saudações.

    Será que ainda encontro esta obra-prima de Emílio Salgari disponível para compra, em algum local da internet ???

    Desde já, grato pelo retorno ...

    Email de contato: 'lenilsondecastro@gmail.com'

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