Nos últimos dois anos, cristãos idealistas do Ocidente têm-se alistado voluntariamente nas milícias cristãs que combatem contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria.
Eles mencionam a frustração que lhes causam os governos ocidentais, que nada fazem de eficaz para combater os islamitas ultra-radicais ou prevenir o sofrimento de inocentes cruelmente massacrados.
A crítica bem pode estar se estendendo aos líderes eclesiásticos que, embora falando em nome de Cristo, pregam um ecumenismo e um diálogo imprudente, a ponto de dizer que não se deve combater os bandos islâmicos.
Multiplica-se o número de novos livros produzidos por importantes professores universitários nos EUA, desfazendo as falsas acusações contra as Cruzadas. Eles restabelecem sisuda e devidamente, no lugar de honra que lhes é próprio, essas grandes iniciativas da Igreja e da Cristandade.
A agência Reuters entrevistou um veterano do exército norte-americano que regressou recentemente ao Iraque, para se juntar à milícia cristã que luta contra o Estado Islâmico.
Cônscio de que está em curso uma espécie de guerra bíblica entre o bem e o mal, ele tatuou em suas costas a imagem de São Miguel arcanjo, que em tremenda batalha lançou Satanás e seus sequazes revoltados no inferno.
Brett, 28, leva sempre a mesma Bíblia de bolso, desgastada pelos anos de combate, uma imagem de Nossa Senhora, o Terço e uma seleção dos versículos preferidos das Sagradas Escrituras.
Ele explicou que “é muito diferente” combater como um soldado profissional, como o fez a primeira vez que foi ao Iraque, e combater por amor à Igreja e à Cristandade.
“Aqui estou lutando por um povo e por uma fé, e o inimigo é muito maior e mais brutal”, sublinhou Brett, que é católico e reza o Terço.
Ele entrou na milícia “Dwekh Nawsha”, que em aramaico – idioma usado por Nosso Senhor Jesus Cristo e falado ainda hoje por cristãos assírios –significa auto-sacrifício.
Católicos na sua maioria, os cristãos assírios são originários do Iraque e vêm sendo expulsos pela violência do invasor muçulmano.
A maioria das cidades cristãs ao norte do Iraque, especialmente ao redor da cidade de Mosul, foi ocupada pelas armas islâmicas, que praticaram crimes com requintes de crueldade.
Por isso, lá soa inteiramente falso dizer que os cristãos ou as Cruzadas agrediram o Islã, quando este é o verdadeiro agressor injusto, e justa é a reação cristã feita contra ele ao longo dos tempos.
Agindo segundo ordena o “pacífico” Corão, o Estado Islâmico conquistou a região no verão passado e lançou um ultimato aos cristãos: “Paguem impostos, convertam-se ao Islã, ou morram pela espada”.
A maioria deixou o país e vive na miséria. Muitos foram martirizados e confiamos que estejam no Céu.
Brett e outros voluntários estrangeiros não revelam seu sobrenome para evitar represálias contra suas famílias.
Tim largou sua empresa de construção na Grã-Bretanha, vendeu sua casa e comprou duas passagens de avião para o Iraque. Uma foi para ele e outra para um americano engenheiro de software que conheceu pela Internet.
Entraram por Dubai e seguiram para a cidade curda de Suleimaniyah. Depois pegaram um taxi até Duhok, segundo o Daily Mail de Londres.
“Eu sou um homem comum na Inglaterra, mas aqui eu quero fazer a diferença e cortar o passo a algumas atrocidades” disse Tim, 38.
Os ocidentais de momento se integram em milícias cristãs locais, como a curda da foto. |
Scott, Tim, Brett foram para ficar no Iraque até o fim.
“Todos nós algum dia morreremos”, mas “um dos versículos da Bíblia que está entre meus favoritos, diz: ‘Conserva a fé até a morte, e eu te darei a coroa da vida eterna’”, explicou Brett.
A pesquisadora Myriam Benraad quis saber mais sobre esses ocidentais que tomaram a decisão de ir combater os islâmicos no Oriente Médio.
Myriam trabalha para o Instituto francês de Pesquisas e Estudos sobre o Mundo Árabe e Muçulmano (IREMAM) e para a Fundação para a Pesquisa Estratégica (FRS).
A motivação principal, disse ela para o site Atlantico.fr, foi ver a barbárie dos fundamentalistas e seus incontáveis crimes contra civis: execução de prisioneiros ocidentais ou não.
Na Europa e no Ocidente as atrocidades muçulmanas fizeram com que muitos decidissem reagir e alistar-se nas milícias que lutam contra o Estado Islâmico.
Mas entre eles há os que combatem por motivação religiosa: preservar a civilização cristã e seus valores diante de um Estado Islâmico que se revela como o pior dos adversários de Cristo.
Os fanáticos islâmicos têm uma visão milenarista e apocalíptica do combate e alegam que desejam vingar as humilhações sofridas na época das Cruzadas.
Mas eis que, no fundo do quadro do combate no Iraque e na Síria, projetam-se, de um lado as sombras de Godofredo de Bouillon, de Balduíno IV ou de Ricardo Coração de Leão, e de outro, as de Saladino ou de Nuredin.
Os ocidentais não dão seus nomes para que suas famílias não sejam alvos de represálias. |
O fenômeno dos combatentes cristãos ou católicos é por ora limitado, mas Myriam não garante qual será o futuro.
Segundo a pesquisadora, o combate entre “mujahidins” e “cruzados” pode ser o início de grandes guerras de religião até no Ocidente.
De momento, os ocidentais cristãos são principalmente americanos e britânicos. Mas o primeiro a morrer foi australiano e já se sabe que há franceses.
No Facebook e no Twitter, sua epopeia empolga a não poucos. O britânico Tim Lock anunciou que não voltaria a seu país enquanto o Estado Islâmico não for erradicado da superfície da Terra.
Para Myriam, os aspirantes à nova cruzada tiram seu orgulho e sua fereza da ideia de estarem lutando contra um Estado Islâmico que pretende erguer-se no horizonte da História como uma encarnação do mal absoluto, que aliás não pode existir.
Mas o Bem absoluto existe. É Deus, Nosso Senhor e Divino Redentor, por quem os cruzados deram suas vidas.
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