Unção de Balduíno IV. BNF, Français 5594, fol. 176v haut |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
continuação do post anterior: Um rei leproso e herói, em uma corte decadente e pusilânime
O sultão concebeu então um projeto audacioso: separar o reino de Jerusalém do condado de Trípoli, empossando-se de Beirute.
Em agosto de 1182, ele atravessou o Líbano a toda velocidade e apareceu de improviso diante da cidade, enquanto uma frota egípcia chegava remando.
Mais uma vez o rei leproso foi o salvador do país. Da Galileia, onde estava acampado, acorreu ao galope com sua cavalaria, não sem antes ordenar a todos os navios cristãos, ancorados na costa, a partir a toda vela rumo a Beirute.
O movimento foi tão rápido que os planos de Saladino ficaram frustrados. Os habitantes de Beirute tinham também se defendido bem.
Quando o sultão soube da aproximação do rei, compreendeu que havia errado o golpe e voltou pelo interior do Líbano, não sem antes saquear sítios e plantações.
A brilhante libertação de Beirute provou que, a despeito de uma situação cheia de perigos, o Estado cristão resistia face a face ao inimigo por toda parte.
Embora representada por um infeliz leproso, a dinastia de Anjou cumpria com vigilância seu papel tutelar.
E que personagem de epopeia – epopeia cristã, em que os valores espirituais prevaleciam – foi esse jovem chefe que, com os membros roídos pelas úlceras e as carnes prestes a cair, se fazia conduzir à testa de suas tropas, galvanizava-as com sua presença de mártir e, em meio aos sofrimentos, teve a ufania de ver mais uma vez Saladino fugir!
O herói Balduíno IV tinha uma outra face: a de homem de Estado.
Uma vez que o reino ficara livre da invasão, ele se preocupou em defender a independência das dinastias islâmicas secundárias, como os atâbegs – turcos de Alepo e de Mossul da família de Nour ed-Din – contra as ambições hegemônicas do sultão.
Tendo Saladino atacado essas duas cidades, Balduíno IV não hesitou em executar em favor delas uma poderosa incursão diversiva no Hauran e no Sawad damasceno (setembro-outubro de 1182).
Melhor ainda, no transcurso de uma terceira expedição, Balduíno avançou das periferias de Damasco até Dareya.
Após essa brilhante cavalgada, conduzida até as portas da capital de Saladino, o rei leproso foi celebrar o Natal de 1182 em Tiro, junto a seu antigo preceptor e nosso historiador, o arcebispo Guilherme.
(Autor: René Grousset, de l’Académie française, L’épopée des Croisades, Perrin, Paris, 2002, 321 páginas, pp 171 e ss. Excertos).
continua no próximo post: Quase cego e imobilizado, Balduíno IV volta a vencer Saladino e a inépcia dos vassalos
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