Sítio de Jerusalém. Biblioteca Nacional da França, Français 10, fol 412v. |
Continuação do post anterior
Nós dissemos várias vezes e tivemos ocasião de notar como frequentemente os homens que passam à posteridade por terem dominado seu século, são os que por primeiro, se deixaram dominar, eles mesmos, e dele se mostraram seus mais apaixonados intérpretes.
Um dos resultados dessa cruzada foi levar o espanto e o terror para o seio das nações muçulmanas e colocá-las, por muito tempo na impossibilidade de tentar algum empreendimento contra o Ocidente.
Graças às vitórias dos cruzados, o império grego recuou seus limites e Constantinopla, que era o caminho do Ocidente para os muçulmanos, ficou a salvo de seu ataque.
Nessa expedição longínqua, a Europa perdeu a fina flor de sua população; mas não foi como a Ásia, o teatro de uma guerra sangrenta e desastrosa, de uma guerra na qual nada era respeitado, onde as cidades e as províncias eram ora devastadas pelos vencedores ora pelos vencidos.
Enquanto os guerreiros vindos da Europa derramavam seu sangue nos países do Oriente, o Ocidente vivia em profunda paz.
Entre os povos cristãos, considerava-se então um crime, usar armas por outro motivo, que não por Jesus Cristo.
Essa opinião contribuiu muito para acabar com o banditismo e para fazer respeitar a trégua de Deus, que foi, na Idade Média, o germe ou o sinal de melhores instituições.