Luis Dufaur
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Entre os nobres cavaleiros de Provença que partiram para as Cruzadas contra os infiéis, havia um senhor chamado Godofredo de Tours, de grande valor, guerreiro tão heroico como jamais se conheceu.
Nos combates era o primeiro a se lançar sem se preocupar em cobrir seu corpo contra os dardos e as pedras.
Galopava até os esquadrões árabes invocando a proteção do Senhor. Tal era sua fama que em todos os exércitos era conhecido e admirado o seu heroísmo!
Um dia cavalgava ele numa clareira, com outros cavaleiros, seguido de numerosos pajens.
De repente ouviram uns terríveis rugidos de leão. Todos, exceto Godofredo, tomados de pânico, fugiram com medo de cair nas garras da fera.
Mas Godofredo, vendo que seu cavalo não lhe obedecia, pegou sua espada, desceu do cavalo e dirigiu-se à floresta onde estava o leão.
Avançou disposto a lutar contra a fera, mas quando penetrou na mata, viu assombrado um terrível espetáculo.
Não eram rugidos de cólera do leão, senão de muita dor.
Uma serpente havia habilmente aprisionado o leão enquanto este dormia, de maneira tal que ele não podia esboçar nenhuma reação.
A serpente apertava-o com o propósito de matá-lo a fim de enguli-lo depois.
O leão, não só sofria pela dor do estrangulamento, senão rugia também de cólera por morrer tão ignominiosamente.
Assim quando viu chegar Godofredo, com a espada em punho, lançou-lhe um olhar de agradecimento, pois preferia morrer pelas mãos de um cavaleiro.
Com cuidado, Godofredo se aproximou com sua espada e cortou a cabeça da serpente.
O leão respirou, livre. Godofredo, deu então um passo para trás para preparar-se para lutar contra o leão.
Mas este, reconhecido, veio humildemente prostrar-se aos pés do cavaleiro que lhe havia salvo a vida e a partir daquele momento se considerou como um vassalo do cavaleiro e o seguia em todas as partes como um amigo fiel.
A todos, grande surpresa causou, nos primeiros dias, ver Godofredo seguido pelo leão.
Muitos fugiam e os pagens estavam temerosos.
Mas tiveram que reconhecer que o leão era o melhor servo de seu amo.
E não só lhe servia nos dias de paz, como também nas batalhas se lançava contra os inimigos, destroçando-os ou fazendo-os fugir.
Quando a Cruzada terminou depois da conquista dos Santos Lugares, os cavaleiros voltavam para Provença.
Iam alegres, cantando e desejando chegar ao país do col.
Godofredo chegou ao navio, acompanhado de seu leão, mas o capitão não quis admitir no navio a fera.
Todos os pedidos foram inúteis, e por fim o cavaleiro teve que deixar na Terra Santa o seu fiel acompanhante.
O leão, quando viu partir a seu senhor, ficou tão triste que se jogou no mar para seguir o navio.
Nadou, nadou até seu último hausto, e então morreu afogado, ante as lágrimas de Godofredo e seus cavaleiros, que viam quão fiel havia sido o coração daquela fera!...
(Fonte: V. Garcia de Diego, Antologia de Leyendas de la Literatura Universal, Editorial Labor S.A., Madrid-Espanha, 1ª edição, 1953).
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