* Os Barões e Cavaleiros juram combater os inimigos da Fé
“Os Barões e os Cavaleiros que tinham ouvido as exortações de Urbano fizeram o juramento de vingar a causa de Jesus Cristo; esqueceram-se de suas próprias questões e juraram combater juntos os inimigos da Fé cristã. Todos os fiéis prometeram respeitar as decisões do Concílio e ornaram suas vestes com uma cruz vermelha de pano ou de seda. (...)
“Os fiéis pediram a Urbano que se pusesse à sua frente, mas o Pontífice, que ainda não tinha triunfado sobre o antipapa Guiberto, e que perseguia com seus anátemas o Rei da França e o Imperador da Alemanha, não podia deixar a Europa sem comprometer o poder e a política da Santa Sé.
“Nomeou o Bispo de Puy, seu legado apostólico, junto do exército dos cristãos. Prometeu a todos os cruzados a remissão de seus pecados. Suas pessoas, suas famílias, seus bens, foram postos sob a proteção da Igreja e dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo. O concílio declarou que toda a violência feita contra os soldados de Jesus Cristo seria castigada com o anátema e entregou seus decretos, em favor dos cruzados à vigilância dos Padres e dos Bispos.
“Urbano percorreu ele mesmo várias províncias da França, para terminar sua obra tão felizmente começada. (...)
* A benção das Cruzes
“Os Bispos e os simples pastores, não paravam de benzer cruzes para os fiéis que prometiam armar-se para a libertação da Terra Santa.
“A Igreja conservou em seus anais as fórmulas de orações rezadas nessa cerimônia.
“O padre, depois de ter invocado o auxílio de Deus, que fez o Céu e a Terra, rogava ao Senhor que abençoasse, em sua bondade paterna, a cruz dos peregrinos, como tinha outrora abençoado a vara de Aarão; rogava à misericórdia divina que não abandonasse nos perigos os que iam combater por Jesus Cristo e que lhes enviasse o anjo Rafael que outrora tinha sido o fiel companheiro de Tobias.
“O padre dizia, depois de ter prendido a cruz ao peito: Recebe este sinal, imagem da Paixão e da Morte do Salvador do mundo, a fim de que em tua viagem nem a infelicidade nem o pecado te possam ferir e voltes mais feliz e sobretudo, melhor, para junto dos teus.” (...)
“Tal o ascendente da religião ultrajada pelos infiéis, que todas as nações cristãs logo esqueceram o que era objeto de sua ambição ou de seus temores e forneceram à cruzada os soldados de que precisavam para se defenderem. Todo o Ocidente reobava com estas palavras: Aquele que não traz sua cruz e não vem comigo, não é digno de Mim.
* Vários milagres incentivam à “sublime epopéia”
“Que se julgue o que se deveu operar nos espíritos, quando a Igreja tocou a trombeta guerreira e apresentou como agradável a Deus o amor das conquistas, a glória de vencer, o ardor pelos perigos. (...)
“O clero mesmo deu o exemplo. A maior parte dos Bispos, que tinham o título de Conde ou de Barão (...) julgou dever armar-se para a causa de Jesus Cristo.
“Os autores contemporâneos contam vários milagres que contribuíram para inflamar o espírito da multidão. Haviam-se visto estrelas destacarem-se do firmamento e caírem sobre a terra; mil fogos desconhecidos corriam pelo ar e davam à noite a claridade do dia; nuvens cor de sangue levantavam-se de repente no horizonte, e no ocidente um cometa ameaçador apareceu ao meio-dia; sua forma era a de uma espada.
“Viram-se nas altas esferas do céu cidades com suas torres e defesas, armadas, prestes a combater, seguindo o estandarte da cruz. O monge Roberto refere que, no mesmo dia em que no concílio de Clermont, se decidiu a cruzada, aquela deliberação foi proclamada além dos mares.
“Essa notícia, diz ele, tinha reerguido a coragem dos cristãos no Oriente e levado de repente o desespêro aos povos da Arábia.” Para cúmulo de prodígios, os Santos e os Reis das idades precedentes saíam de seus túmulos e vários franceses haviam visto a sombra de Carlos Magno exortando os cristãos a combater contra os infiéis.
* A benção das armas e dos estandartes
“O concílio de Clermont, que se havia reunido no mês de novembro de 1095, tinha marcado a partida dos cruzados para a festa da Assunção, do ano seguinte. (...)
“No meio da efervescência geral, a religião, que animava todos os corações velava pela ordem pública. Não se ouvia mais falar de roubos, de assaltos. (...)
“Entre os preparativos da cruzada, não devemos esquecer do cuidado que os cruzados tomavam em mandar abençoar suas armas e suas bandeiras. Em cada paróquia, o Pontífice ou o pastor, depois de ter aspergido a água benta sobre as armas colocadas diante dele, rogava a Deus Todo Poderoso, que concedesse aquele ou aos que as deviam usar nos combates, a coragem e a força que outrora Ele havia dado a Davi, vencedor do infiel Golias.
“Entregando ao cavaleiro sua espada, que ele tinha abençoado, o padre dizia: Recebei esta espada em nome do Padre, e do Filho e do Espírito Santo. Serví-vos dela para o triunfo da Fé; que jamais ela derrame o sangue inocente.
“A benção dos estandartes fazia-se com a mesma solenidade: o ministro do Deus dos exércitos pedia ao céu que aquele sinal da guerra fosse para os inimigos do povo cristão um motivo de terror e para todos os que esperavam em Jesus Cristo, um penhor de sua vitória. O estandarte, entregava-o aos guerreiros, de joelhos diante dele, dizendo: “Ide combater pela glória de Deus e que esse sinal vos faça triunfar de todos os perigos.”
* A partida para a Terra Santa
“A maior parte ia a pé; havia alguns cavaleiros no meio da multidão, outros viajavam em carros puxados por bois ferrados, outros costeavam o mar, desciam os rios, em barcas. Estavam vestidos de diversas maneiras, armados de lanças, de espadas, de dardos, de ferros, etc. (...)
“Perto das cidades, perto das fortalezas, nas planícies, nas montanhas, erguiam-se tendas, pavilhões para todos os cavaleiros, altares, levantados às pressas, para o ofício divino. Por toda a parte exibia-se um aparato guerreiro e de festa solene.
“De um lado um chefe militar exercitava seus soldados; de outro, um pregador chamava a atenção de seus ouvintes sobre as verdades eternas; aqui, o ruído de clarins, de trombetas, mais além o canto dos salmos e de outras melodias.
“Desde o Tibre até o Oceano e desde o Reno até além dos Pirinéus só se viam grupos de homens marcados com a cruz, jurando exterminar os sarracenos e antecipadamente celebrando suas conquistas. De todos os lados ressoava o grito de guerra dos cruzados: Deus o quer! Deus o quer!“
Fonte: Joseph-François Michaud, História das Cruzadas, Vol. I, Editora das Américas, São Paulo, pp. 78 a 109.
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