segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

São Francisco de Assis e o Direito da Cruzada. IV ‒ esquema do exemplo de São Francisco e o Direito da Cruzada


I – O problema teológico: é lícita uma Cruzada para assegurar a liberdade dos pregadores do Evangelho?

A. Parece que não (São Tomás começa habitualmente com a objeção):

1. Porque Nosso Senhor é o modelo de todas as virtudes – e eu vou por tom mais romântico e sentimental, porque é um argumento sentimental – e entre os atos que Ele praticou não estava o de matar, mas, pelo que não se converta no contato com missionários verdadeiramente santos.

Portanto, se um governo resiste, e o missionário não consegue converter, Nosso Senhor ensinou a derramar seu próprio sangue na flagelação, em vez de inspirar os guerreiros católicos a que derramem o sangue do pobre adversário. Essa é a formulação sentimental errada.

C. Sed contra. Parece que sim:

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

São Francisco de Assis e o Direito da Cruzada. III ‒ o exemplo de São Francisco glorifica as Cruzadas

Segunda vinda de Cristo
Pode se levantar uma objeção contra a Cruzada: Nosso Senhor Jesus Cristo pessoalmente nunca chefiou uma Cruzada.

Ele se deixou prender em vez de pedir às legiões dos anjos que viessem à terra para impedir a Sua crucificação. Então, não seria mais conforme à mansidão evangélica só pregar a palavra de Deus? Será que o homem se tornou tão ruim que ele resistirá à palavra de Deus?

Não seria mais generoso nós esperarmos na bondade do homem e que a palavra de Deus o convertesse?

Aqui está o ponto central do problema das Cruzadas, em termos de doutrina católica.

Mas é verdade que o homem muitas vezes é tão mau que pode recusar a palavra de Deus. Nesses casos, a Cruzada é legítima.

Se o homem nunca é tão mau que recuse a palavra de Deus então a Cruzada não é legítima.

Há um mundo de democrata-cristãos e caterva do gênero, que sustenta que por meio da bondade se consegue tudo, e que basta o missionário ser muito santo para ele converter qualquer pessoal.

De onde então, o uso da violência a favor das missões seria uma coisa injustificada.

O equilíbrio teológico sobre este problema se manifestava no navio que conduziu São Francisco.

Vai o maior dos missionários que se possa imaginar e prega ao sultão. Os guerreiros são movidos por um tão bom espírito que eles preferem as palavras de amor à força. Mas, se houver dificuldade, entra a força. Eles mandam o santo que emprega as palavras de amor. O sultão prova a dureza do espírito maometano. Diante de São Francisco ele começou a se converter, e resistiu.

Cruzados acham o Santo Lenho a caminho de conquistar JerusalemSão Francisco expulso, prova a legitimidade das Cruzadas.

E a glorificação das Cruzadas vem do próprio fato dele não ter vencido.

Então, nem se pode dizer que os Cruzados eram sanguinários, que iam matar ou que tinham vontade de liquidar.

Não! eles preferiam convencer porque Deus não quer a morte do pecador, mas sim que ele se converta e viva. Mas se ele não se converte, se está de má fé, ali está a lança, ali está o ferro, está a guerra. Está perfeito. É o equilíbrio maravilhoso e católico.

É a melhor justificação que se possa imaginar da Cruzada e do espírito das Cruzadas.

São Francisco de Assis, levando o amor na ponta da Cruzada provou que ela era indispensável.

Porque o amor nem tudo consegue, e onde o amor fracassa não há remédio. É preciso entrar a lança.

Essa é a grande lição que este fato nos dá.


(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, palestra proferida em 16.11.72. Texto sem revisão do autor).

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